terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Luz Elétrica e Água Gelada

“Feliz é o homem que nunca ligou uma lâmpada e tomou água gelada.”

Fiz este comentário com dois urbanóides e eles não entenderam nada, já nasceram com o ar condicionado ligado e tomando Coca-Cola geladíssima. Ainda bem que por estas bandas o progresso mal chegou. Tive a felicidade de tomar água de moringa e ficar horas no escuro, em frente a minha casa, onde hoje mora minha mãe, com toda a família após o jantar observando satélites. Era um jogo, ver quem conseguia enxergar primeiro. “Apontar o dedo dava berruga”.

Bons tempos aqueles em que tudo era igual e a única divisão era a UDN e PSD, a turma do Homero e a do Zezinho. Degladiavam-se nos anos políticos, mas nos outros viviam harmoniosamente como uma grande família, sendo o Zezinho médico de todos. Zezinho fez, nos anos sessenta, o primeiro reimplante de dedo no país. O Antero está aí de prova, “No filho do adversário!”

Belos dias aqueles em que as desigualdades sociais nem eram percebidas, todos eram parceiros no atraso. Poucos conheciam luz elétrica ou haviam tomado água gelada. O Taíca comprou a primeira geladeira da cidade. Neste dia o progresso chegou a comunidade.

Corríamos descalços jogando bola na praça, nosso campo de futebol, esperando a chuvarada para tomar banho na enxurrada. Naquele tempo a criança tinha resistência, raramente adoecia, podia rolar na lama em dia de chuva. Hoje, a luz elétrica e a geladeira tiraram a resistência do homem.

Tenho um ditado bem barranqueiro que diz: “o excesso de higiene vai acabar com o homem!” - Bons tempos aqueles em que não conhecíamos a modernidade.

Após pegarmos estas duas doenças contagiosas “acender uma lâmpada e beber um copo de água gelada” nosso destino mudou. Chegou a grande doença do homem trazido pelo conhecimento:

“A Ambição com o nome de Evolução”. Junto veio o fogão a gás - adeus gosto de fumaça - o carro, o ventilador, a TV e todos os grandes ganhos do homem. Adeus céu estrelado, conversa de família e criança dormindo cedo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Voucher Único

Quando criei o Voucher Único na década de 90, tinha uns objetivos a cumprir, pois tudo era novo e estávamos começando.

1º- Organizar a visita aos passeios.

a – controlar visitação por atrativos, capacidade de carga

b – fiscalização pelo poder publico deste movimento.

c – A agencia, o guia, o turista e o atrativo teriam também um controle.

d – inicialmente o Voucher tinha cinco vias para evitar fraude.

2º- Ter estatística real do movimento de turistas em nossa cidade.

a – Quantidade

b – Origem

b1- cidade

b2- estado

b3- País

3º- Arrecadar impostos.

Enfim, ter em mãos um instrumento que nos desse total controle do movimento de turistas em nossos atrativos para respeitar os limites de gente de cada um. Capacidade de carga é um termo que nós não conhecíamos. Com isto protegê-lo e preservar para as gerações futuras.

Passados quase 15 anos o que tenho notado é que o Voucher está servindo apenas a dois propósitos.

1º- Arrecadar impostos.

2º- Secretário de turismo e o presidente do Grande Conselho viajarem pelo Brasil falando asneiras e pregando mentiras patrocinados pelo dinheiro do povo.

Não se esquecendo que sou o babaca oficial da cidade, desde o século passando não participo das discussões, pois atualmente só falo besteira. Mas, ocasionalmente, alguém se lembra de mim e vem pedir socorro. Este mês vários vieram reclamar da bagunça que virou a história do Voucher, conforme constatei os dois itens mais importantes, Preservação e Estatística, não estão sendo cumpridos, pelo que notei, não tem muita importância e dá muito trabalho.

O primeiro objetivo era cruzar informações para ver se a quantidade de pessoas por atrativo estava dentro do limite permitido, ou não. O serviço que deveria ser feito todo dia ou no máximo uma vez por semana, informações que tive, é que fazem um controle apenas uma vez por mês, não cruzando informações diárias para ver se tal dia houve abuso. Onde está a preocupação com o futuro?

O segundo objetivo, a Estatística é fundamental para o planejamento futuro, faz parte da vida moderna. Hoje nós não sabemos o destino de origem do nosso visitante; país, estado e cidade, estes números são fundamentais, para todo o trabalho inerente a turismo, capacitação de mão de obra, marketing, números reais para atrair investidores e muitos outros.

O terceiro, arrecadar impostos, pois, para o prefeito da época, que hoje é o atual, turismo era um incomodo, pois nós estávamos passando pelo ciclo da lavoura, e ela na sua concepção era mais importante, para que ele fosse nosso parceiro na organização do turismo, tínhamos que dar ao poder público um motivador para acreditar na viabilidade e, podermos cobrar parceria, pois o turismo era um sonho novo, apenas começando, e hoje o arrecadar é o único que funciona.

Como podemos ganhar prêmios por uma penicilina que não funciona, secretários e presidentes viajaram e viajam alardeando uma coisa que não conhecem e não fazem funcionar.

Como ganhar prêmio pelo tal Voucher Eletrônico se a única coisa que funciona nele é cobrar pouco ISS dos hotéis? Porque nos balneários não é obrigatório o uso do Voucher Único? Os senhores falam disto nas palestras Brasil a fora ou sonegam informações? Como dar aula se não fazem o dever de casa?

Parabéns pelo continuísmo no Grande Conselho.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ultimo Tiro

Expectativa




Estamos inaugurando mais um ciclo de expectativas do agora vai. Tivemos a do Asfalto, ligando Bonito a Guia Lopes e ao resto do mundo civilizado, construção e inauguração do nosso tão sonhado aeroporto, nosso fantastico e importante Centro de Convenções e agora a tão sonhada ligação asfaltica ao mundo selvagem do Pantanal sul matogrossense.
O agora vai, voltou novamente, um novo ciclo de sonhos e novas frustrações estão novamente na telinha.
Na minha grade e tão comentada boçalidade o que vejo é que vamos disputar com o tão falado Pantanal os já minguados turistas que eles captam, ou vamos entregar a eles os poucos que nos procuram.
No meados dos anos oitenta, isto é, no seculo passado, quando Bonito começou um trabalho de receber visitas de outros estados, principalmente do Estado de São Paulo, alunos das escolas da Capital, que muito vinham a nossa cidade, começaram com varios dias no pantanal, e, um ou dois dias aqui, familias tambem faziam o mesmo roteiro, com o passar dos anos este roteiro se inverteu, cinco dias em Bonito e um ou dois no pantanal, outros anos se passaram e o pantanal praticamente foi abandonado, poucos vão visita-lo, ficando mais o day use. Não consigo ver um movimento tão grande de turistas do Pantanal para Bonito, e sim de Bonito para o Pantanal, em função do mercantilismo reinante em nossa cidade.
Hoje o turista reserva em nossa cidade cinco dias para passear, faz a reserva de hotel e passeios, quando chega, no terceiro dia algumas agências os dobram para irem ao Pantanal, tirando-os da cidade, pois ganham mais com a comissão do pantanal e a mafia do transporte, pensando mais no seu ganho imediato do que o bem da cidade.
Como nossa capacidade de captar é conhecidamente limitada ou praticamente nula, nós pouco vendemos e praticamente somos comprados, vamos dividir o pouco que nos procuram.
Bem, concluindo a tão sonhada pavimentação asfaltica ligando-nos a Bodoquena, passando esta euforia já deixo a dica para nossa futura e sonhanda expectativa final, vamos começar o projeto ufológico, uma base de pouso para naves espaciais, pois o turista do futuro , aquele que realmente vai movimentar Bonito, vem do espaço.
Não se esqueçam que como o turista de pesca do rio Miranda, o nosso rio, não tem nenhuma importancia para voces, a estrada de Bodoquena , é o nosso ultimo tiro.



















segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Obrigado Helena e Gilberto

Tenho várias paixões, minha vida é movida por esta bela palavra, todo dia estou apaixonado por algo e uma das minhas maiores são as mangueiras da cidade. Desde criança eu as curto e cultuo os pés de mangas como um grande presente de Deus dá muita alegria e prazer vendo-as nesta época do ano com seus maravilhosos frutos, como se fossem enfeites de natal.

Dentre as coisas da nossa cidade que não aproveitamos para o turismo, as mangueiras são uma delas, pois não se dá a elas o valor que tem. Praticamente todo turista que passa em frente de minha casa nesta época do ano, as minhas estão maravilhosas com seus belos e saborosos frutos e eles param, ficam olhando, comentam e quando tem fruta madura, pega para levar, muitos perguntam se temos aproveitamentos da quantidade de fruto que tem na cidade, digo que não, todos apodrecem, não se faz doce, suco, geléia, chutney, enfim...nada! Ficam indignados.

Agora, indignado fico eu quando chega aqui em Bonito um idiota, compra um imóvel e a primeira coisa que faz é derrubar o pé de manga. Nestes últimos anos com a chegada do grande desenvolvimento do nosso turismo sustentável e eco-turismo segundo todos menos eu, centenas de mangueiras foram destruídas por pessoas cultas e conscientes.

Algumas fazem parte da minha vida, da minha história. A mangueira da Tapera nasci embaixo dela, a da casa da minha mãe cresci brincando em seus galhos, catando seus frutos como faço até hoje, a do Arcanjo, as da tia Íria, e muito especial, única da espécie em Bonito, a mangueira da casa do tio Starde Xavier, carrego no corpo até hoje uma lembrança dela. Estava eu em seus galhos observando meus tios preparar o almoço do casamento da Lucy quando cochilei e caí de cabeça no chão, minha lesão na coluna é presente dela.

Estou escrevendo porque hoje, depois de anos graças a sensibilidade e a racionalidade de um casal, eu comi manga da árvore do tio Starde, fiquei emocionado e feliz por eles terem comprado o terreno e escolhido o local para morar. Sendo um terreno pequeno, fizeram uma bela casa, criaram os filhos e não derrubaram a mangueira, catando seus frutos, como eu faço, da varanda. Estou escrevendo esta matéria pra dizer muito obrigado Helena e Gilberto Peres ou como todos conhecem Helena e Gilberto do Bonsai.’

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Fluminense, o lexotan do futebol

Esta nem Galvão notou! Ganhamos o campeonato carioca no centenário do Flamengo, agora ganhamos o nacional no centenário do Corinthians, acabamos com a festa das duas maiores torcidas do país. Nos seus aniversários mais importantes, não conseguiram comemorar estas datas com conquistas de tal grandeza. O fluminense é um estraga festa ou um catalisador de humildade nestas duas derrotas das torcidas mais apaixonadas do Brasil? Fico imaginando quantos problemas foram evitados; brigas, acidentes, enfim, foi bom para o futebol e para todos os outros torcedores.

Ganhamos o Campeonato carioca com um gol de barriga de um gaúcho. E o campeonato nacional com a raça de, imaginem..... UM ARGENTINO.

Nós não fizemos carreata, a prefeitura proíbe carreata com menos de dez pessoas.

domingo, 28 de novembro de 2010

Melhor destino de Ecoturismo

Pelo 9º ano consecutivo, meu filho "modelo de gestão", bonito termo, ganhou o prêmio de melhor destino de ecoturismo do Brasil, todos estão muito felizes, como sempre sou do contra... Estou triste.

Não vejo em minha cidade o significado real de ecoturismo, palavra bonita e com grande apelo social.

Como sempre digo: "por fora bela viola, por dentro pão bolorento" ou "pra inglês ver", não sei a origem destes termos, mas sempre escutei.

Onde está o ecoturismo em Bonito?

O turista quando vota tem noção do significado?

Esteve aqui ou ouviu falar, conheceu nossa história, nosso povo, nossa vida ou só filét com fritas?

O pior turista do mundo é o do filét com fritas, pois não serve de referência.

Com uma cidade em que o jovem não tem motivação para estudar, o nativo está jogando as margens do acontecimento, não participa do bolo do turismo. A cultura, a história e o povo são marginalizados pelo empresariado, onde está o ecoturismo, onde está inserido, em todo este movimento o “Bonitense”?

Para mim, nessa grande ignorância que tenho, nós temos um turismo de contemplação de natureza que é outra coisa. Este prêmio só nos atrapalha, uma vez até que seria aceitável agora nove é demais, cada ano recebido, a cidade fica mais burra e arrogante.

Há mais de uma década que estamos parados no tempo, temos sim atrativos maravilhosos e bem estruturados, mas não temos na cidade estrutura pra receber um tipo de turista que faz a diferença em um destino turístico. O turista de alto nível de consumo nenhum é melhor que o outro, nenhuma classe social é melhor que a outra, mas no turismo precisamos de pessoas de um padrão alto de consumo e exigências, para conseguimos atingir um padrão de qualidade que acaba trazendo benefícios a todos os consumidores.

Por que será que nós não decolamos para o mundo? – O que temos de atrativo é único, nossa estrutura é ultrapassada, nosso trabalho é medíocre, nosso povo é abandonado, vivem de subemprego, baixos salários e ainda ganhamos "PRÊMIO".

Parem pra pensar.

Tenho filhos, de todos os jeitos: de sangue, do coração "são muitos" e imaterial. Agora vou falar de outro filho tão importante ou mais que o voucher único, o Festival da Guavira.

Estou triste, pois sempre “prêmios” e nunca “críticas” e isto atrapalha a evolução.

Estou triste porque o Festival da Guavira e todo seu projeto de desenvolvimento sustentável que colocaria Bonito no rumo do ecoturismo estão sendo destruído por não ter apelo de marketing fora da nossa fronteira para a mentalidade atual não tem nenhum valor, somente despesa. É festa pra pobre!

Eu vejo pessoas de minha infância passando pela Pilad Rebuá como estrangeiros, pois hoje eles são desconhecidos, não estão inseridos na nova vida de sua cidade. Uma grande exclusão social ganhando prêmio nacional.

domingo, 14 de novembro de 2010

Festival da Guavira

Por muitos anos tive um sonho, criar em nossa cidade um motivador social, algo que congregasse todo bonitense sob a mesma bandeira, um interesse comum. Sempre observei que o mesmo estava ficando as margens dos acontecimentos da comunidade, um produto de enganjamento comunitário, um resgate da cultura e da história, um fixador do homem em sua origem.
Independente das brincadeiras, do desprezo de algumas pessoas "pseudamente importantes" e graças ao apoio do então governador Zeca do PT, o Festival da Guavira saiu do sonho, tornando-se realidade. O Festival não nasceu apenas pra ser um "SOM" na praça e "COMER" algumas guaviras. Ele seria e um dia vai ser um grande projeto de desenvolvimento sustentável. Mas só quando for levado a sério.
Foi criado, assim como o Voucher Único, para ser muito importante e trazer benefícios para a sociedade, os dois nunca foram bem explicados, pois o criador nunca é ouvido.
O Festival tem vários itens a serem conquistados, alguns já foram. Vejam:
  1. Participação e enganjamento de toda comunidade bonitense, a integração da comunidade a festa e a identificação de que foi criada pra eles, este tópico foi alcançado, " o Festival da Guavira é a festa do bonitense".
  2. Valorização e preservação dos guavirais, este está sendo conquistado. Já existe uma grande conscientização do proprietário rural da importância dos guavirais.
  3. Divulgação e resgate da cultura sulmatogrossense sendo a música com seus poetas maravilhosos, a grande âncora da cultura. Estamos engatinhando, poderíamos divulgar nossos cantores através de Bonito, Caruarí no Pernambuco faz isso.
  4. A guavira normalmente produz em terra pobre, areia, cascalho e terras de pouco valor. Hoje existe mais em pequenas e médias propriedades, tendo um trabalho comercial, o extrativismo seguraria o pequeno proprietário em sua propriedade, pois a fruta explorada teria um bom valor comercial, hoje sem industrialização a guavira já dá retorno, mais que o boi e o soja.
  5. Criar pequenas cooperativas de donas de casa para a industrialização da guavira e outros produtos, o ex projeto Pé da Serra, no assentamento Santa Lúcia, mas com apoio sério do trade e do poder público para a confecção, divulgação, consumo e venda.
  6. Criar um selo para produtos produzidos em Bonito, pois temos um nome reconhecido internacionalmente, tudo que produzirmos tendo um "Selo de Bonito" será vendido.
  7. Criar um evento que traria turistas a nossa cidade mantendo a comunidade trabalhando, novembro todo e parte de dezembro, época de pouco movimento.
  8. Motivar a comunidade a resgatar sua história, sua gastronomia, sua vida esquecida.
  9. Integrar o trade a comunidade, a alta sociedade ao povão, nestes anos de festival vou a praça pra ver quem está junto ao povo, nunca vejo nenhum hoteleiro a não ser o Afonsinho, dono de agência só o Juca e a Mariazinha. Pra grande maioria dos importantes, nossa cultura, nossa história não tem valor. Uma cidade turística onde a sua história não tem valor. "Vão reclamar do que pra quem!".
  10. Gerar renda extra, tendo industrialização da guavira, um catador ganha mais de R$80,00 por dia, estas pessoas são desempregados da nossa comunidade.
Muitas mudanças importantes para a nossa comunidade, estão sendo disperdiçadas por falta de interesse das pessoas responsáveis pela cidade.
A cidade não é de responsabilidade apenas do poder público, mas também de todos os munícipes, pois é onde ele vive.
Não deixe o que é importante e já existe acabar.

Só conhece a miséria quem a teve como parteira

Nestes oito anos de Lula, muito tenho ouvido sobre os programas sociais de seu governo, os termos sempre são os mesmos: “ajudando vagabundo”, “induzindo a preguiça”, “pobre nunca quis trabalhar” e outros adjetivos carinhosos de quem conhece a vida.

Tivemos oito anos, também de administração de um governo socialista, mas de academias. Pessoas nascidas em berço esplêndido que só conheciam a miséria através de literatura e pesquisa de alguns acadêmicos.

O que é miséria para os bens nascidos, trocar picanha por maminha, camarão por merluza ou Chanel por Natura?

Às vezes fico a pensar como as pessoas que não a conhecem a imaginam. Ela existe em poucos lugares do Sul e Sudeste, bastante no Centro-Oeste e muito no Norte e Nordeste do país.

Todos os comentários que ouvi nestes últimos anos partiram de pessoas sem nenhum conhecimento de amor, solidariedade e fraternidade. Por pessoas que, se não fosse do seu círculo de convivência ou interesses, tudo que é feito fora de seu universo não tem nenhum valor ou importância, dinheiro e tempo jogado fora.

Sempre acreditei que somente uma pessoa saída da miséria, com todos os sofrimentos que ela conhece, trazendo consigo a esperança de mudanças e muito amor para realizá-los, conseguiria quebrar os grilhões do impossível, mostrando que com pequenos projetos sociais, atingiria todos aqueles que sempre orbitaram as margens das oportunidades que este grande país, conhecido como a terra das oportunidades, sempre os alijou.

Vendo os oito anos de governo Lula, as conquistas dos miseráveis, as perspectivas de um futuro melhor e oportunidades que nunca tiveram. Será que não valeu à pena?

A vida é como um câncer, uns vencem outros perdem... Os que perdem não souberam lutar?

Medicina

Em todos os anos de minha vida, em que me lembro, escutei, menos em minha casa, pois meus pais não falavam: “Eu quero um filho médico.”

Com o passar dos anos, fui entendendo porque falavam isso. Médico ganha muito dinheiro, não existe médico pobre. No meu tempo de criança eles eram médicos e fazendeiros: Dr. Garcia, Dr. Alencar, Dr. Cupertini dono da Pitangueira e outros.

Era e é a profissão de futuro, tudo é garantido para o médico, respeito, dinheiro, emprego, todas as conquistas da sociedade. Por pior profissional que seja, ganha no mínimo R$10.000,00 por mês.

Com o passar do tempo, observando o andar da sociedade, fazendo parte dela e tendo estudado - fiz Direito e não medicina - criei a minha teoria sobre a importância do estudar e aprender. Desde os meus tempos de estudante observei meus colegas de curso e alunos dos outros existentes. O meu universo de estudo é limitado, conversei e converso com estudantes aqui do meu estado e às vezes tenho acesso a estudantes de outros locais.

Sempre escutei a mesma história, dedicação integral ao curso vinte e quatro horas por dia, trinta dias por mês, trezentos e sessenta e cinco dias do ano e seis anos de estudo. Calma! A residência é depois, durante seis anos o aluno vive em função do curso de medicina, independente se faz uma faculdade pública ou particular o envolvimento é o mesmo, estudar muito e trabalhar bastante sem receber nada a não ser o conhecimento.

Se todos os alunos dos outros cursos existentes estudassem e estagiassem gratuitamente como o mesmo empenho que o estudante de medicina, não existiria profissão ruim ou mal remunerada. Tirando a medicina, todo estagiário pensa mais no retorno financeiro do que o retorno do aprendizado dos próprios pais. Já quando estudantes são bem pagos, a maioria se preocupa com o ganho e o passar de ano, independente do conhecimento.

Se você estudar e trabalhar tanto quanto um estudante de medicina, você será um profissional de sucesso.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MAS ELES NÃO QUEREM MUDAR.

Conversando com uma senhora que estava almoçando em minha casa, ela estava a serviço aqui em Bonito, estávamos a falar da participação do nativo no desenvolvimento de nossa cidade e no que sobrou para ele deste bolo do turismo, dos proprietários que venderam suas propriedades, sendo deslocados para a marginalidade dos acontecimentos da cidade. Disse-me ela que isto era comum, dizendo que em um novo pólo de desenvolvimento o morador pouco participa deste acontecimento social e econômico, contando um fato em que ela participou.

Há mais de trinta anos um prefeito de uma cidade litorânea do nordeste, preocupado com o desenvolvimento de sua cidade, resolveu atrair investidores doando terrenos para todo tipo de investimento. Tendo esta senhora recebido um terreno, tendo-o até hoje, disse-me ela que, lá também apesar de ser um local paradisíaco os moradores não quiseram participar do bolo do desenvolvimento, tendo se recolhido para a periferia da cidade.

Como gosto de criar teorias, neste momento surgiu uma e discordei prontamente dizendo que todo ser humano tem medo do desconhecido, do novo, até o Lula meteu medo na alta cúpula da economia brasileira, se os letrados ficaram com medo, imagine os de pouco estudo e nenhum conhecimento do mundo.

Praticamente todo local aonde o desenvolvimento chega, um novo eldorado, que é habitado por pessoas humildes e de pouca escolaridade, principalmente novos destinos de turismo e mais forte em local de turismo de natureza como são os dois casos, sem ajuda, sem estímulo, sem conversas...

Como eles entenderão esta mudança?

De que maneira podem participar?

Quando Bonito começou a acontecer, tentei ajudar, ser ouvido, convencer as pessoas de que o hoje iria acontecer e que nós os bonitenses não poderíamos ficar de fora, fui chamado de louco, bobo e também de mal intencionado. Tentei fazer com que acreditassem no nosso potencial, não vendessem suas propriedades, investissem, poucos me ouviram, apenas meia dúzia entendeu. Não fui ouvido por um simples motivo, eu não tinha aparência, não tinha um grande carro, dinheiro e não vim do estrangeiro, não seria referência pra ninguém.

Citando um dos momentos que vivi em função deste acreditar, estava em uma agência bancária de nossa cidade, era o ano de 1997, quando chegou um pecuarista muito conhecido na cidade e começou a agredir-me com palavras, perguntando quando é que eu iria parar de mentir, enganar a cidade, dizendo que Bonito seria um pólo de turismo do futuro, que o futuro estava em Bodoquena, lá era o local das pessoas investirem, que a indústria de cimento traria o futuro, que eu parasse de falar em turismo que isto nunca iria acontecer. Hoje ele é um dos poucos bonitenses privilegiados pela chamada indústria do turismo em nossa cidade.

A conclusão que chego é que, as lideranças de um novo pólo de desenvolvimento têm a obrigação moral de criar maneiras de a população tomar consciência dessa nova vida, e serem inseridos nestes acontecimentos. Se tiverem carinho, respeito, amor a sua comunidade, tendo pensamento de coletividade a história pode ser diferente o povo não será excluído, como aconteceu com Bonito e a cidade nordestina da conversa com a senhora de Brasília, pois os líderes têm que serem sérios, pois eles têm o que as pessoas gostam “Aparência”.

POVO, POLÍTICO E CARROCERIA

Desde os tempos de criança uma cena se repete, hoje a cada dois anos, antes de quatro em quatro, um grande movimento social, sem mudanças de classes. Atualmente a cada dois anos, a esperança de mudanças, de melhoria de vida, renasce no coração e na alma do comum, a grande base da pirâmide da vida.

Há décadas vejo as pessoas vestindo a camisa de um desconhecido, vendendo uma palavra que não conhece, lutando por uma causa que só a ele interessa, apostando suas fichas em um jogo de cartas marcadas, onde sempre saem derrotados, pregando uma verdade que não existe, sonhando com o que não acontece, nem eles sabem o que querem.

Criaram um termo muito ardido para defini-los, Massa de Manobra, é horrível, mas acaba sendo. Fico olhando e tentando descobrir como pessoas criadas com amor, carinho, senso do certo e do errado, dentro dos padrões comportamentais da sociedade existente, em ano político perdem o senso da realidade, param de pensar e seguem em grupos. Pseudo líderes e o pior, induzem seus filhos, por eles bem educados, moralmente bem criados, a seguirem e até a brigar por eles, a histeria toma conta da comunidade, o meu é o melhor e vai solucionar todos os nossos problemas.

Hoje teve uma grande passeata, de uma das coligações que estão disputando o poder, vendendo o sonho de que agora chegou a hora. Durante todos estes anos acompanho as passeatas, da campanha e a da vitória, sempre vejo as mesmas pessoas, empunhando bandeiras dos melhores, sempre em cima de carrocerias ou dentro de velhos carros, alguns já trazem os netos, há alguns anos eram os filhos. Este político vai mudar? A única coisa que muda é o carro do bonitinho que sempre está na cabine, aquele da carroceria só sobra o sonho de que o futuro será agora.

MALDIÇÃO DO SINHOZINHO

Sempre ouço um comentário justificando porque Bonito tem dificuldades, normalmente arrumamos desculpas para nossas incompetências, e isto não é de hoje, desde meu tempo de criança, no século passado, toda dificuldade que a cidade passa a culpa sempre era e será da "MALDIÇÃO DO SINHOZINHO".

Escuto estas palavras ditas por pessoas nascidas aqui e de outros, vindos há tempos de outras regiões do país ou os chegados há pouco tempo, nunca falo nada apenas escuto, pois já se passaram sessenta anos desde a passagem dele por Bonito, e acredito eu que poucos entenderam o motivo de sua passagem pelo município.

Nós estamos em uma região que é um centro muito forte de energias, é um canalizador, tanto temos energias positivas como também muitas energias negativas. De sua passagem por Bonito, ele veio para trazer amor, assim como veio décadas depois João de Deus, outra entidade de grande espiritualidade.

Tento entender como as mensagens são compreendidas de forma errada, cada um interpreta de acordo com seu interesse. Como uma pessoa que passou por nosso município pregando a paz, o amor, a solidariedade, a irmandade, a espiritualidade, tendo a família como "o sagrado", teria deixado uma maldição para nossa comunidade ?

Conhecendo a minha terra como conheço, acompanho sua história , tendo visto e ouvido coisas de tirar pica pau do oco, sou um estudioso de comportamentos, sempre tive minha explicação para o legado de Sinhozinho, na sua passagem por Bonito, encontrou grande resistência por parte dos mandatários da época, tanto político como econômico, tendo ele conseguido ouvintes para suas pregações, suficientes para incomodar os importantes da época, trazendo medo e ciúme ao pensamento dominante. Perseguido e preso foi deportado para Ponta Porã, deixando uma mensagem para a comunidade de Bonito, sendo a mesma mal interpretada. A comunidade precisava mudar a postura comportamental, deixando de lado a ambição, o egoísmo e a individualidade, caso isto não acontecesse , não haveria mudança, aqui só se perde a individualidade quando se juntam para prejudicar algo ou alguém.

E realmente nós continuamos com o mesmo pensamento e comportamento de a sessenta anos atrás, não existe maldição e sim o continuísmo.

domingo, 19 de setembro de 2010

AINDA RESTAM OS GUAVIRAIS

Ontem eu e o Aldemir fomos catar guavira na fazenda do Dr. Laercio e na do Julinho. Quando la chegamos, voltei algumas décadas no passado, pois encontrei dezenas de pessoas que há muito tempo não via. Gente do nosso passado, pessoas humildes em carrocerias de velhos carros, já proibidos nas rodovias, engarupados em velhas e novas motocicletas, fazendeiros em cabines duplas. Passei uma boa parte do tempo observando-os passeando pelo guaviral.

Vendo-os disputando os pés de guavira, vi como a natureza é sábia, pois naquele momento, não existe hierarquia, status social, rico e pobre, todos são iguais, teem o mesmo direito, o melhor pé a melhor guavira. O primeiro que chegar é o dono. Vendo os meus conhecidos do tempo de criança, fiquei a olhar com tristeza e alegria ao mesmo tempo, todos estavam alegres e felizes no seu ambiente, na sua hora, curtindo uma tradição passada de pais para filhos há décadas, fiquei feliz ouvindo as gargalhadas, os gritos avisando os familiares que tinham encontrado uma boa moita com frutos grandes e doces. Apesar de toda alegria cheguei a uma triste conclusão: aos bonitenses, por enquanto SÓ SOBRARAM OS GUAVIRAIS.

Quando alguém que vem de outras regiões do Brasil, pergunta porque a paixão pela guavira, eu sempre falo: “Quando você conhecer e provar a fruta do paraíso entenderá esta paixão. Ela é tão importante em nossa sociedade, que historicamente, quando ela está com frutos, não tem um dono, ela pertence ao homem por direito da natureza, tanto que nestes dias o proprietário da terra perde seu direito de dono e os guavirais pertencem a todos da comunidade, o homem volta aos tempos primordiais e tudo pertence a todos, cercas e portões passam a não ter significados.”

Nov - 2008

VALE A PENA


Esta semana uma pessoa falou que eu não devo sair à rua e nem conversar com ninguém, pois cada vez que abro a boca, perco mais clientes e minha casa fica mais tapera.

Vale à pena ter uma meta, brigar por ela durante décadas, ter um ideal e sonhar com uma cidade mais humana. Qual o preço pago por ser o babaca oficial da cidade?

Ser boicotado todos os dias, apesar de ter uma cozinha respeitada e séria, a família é sacrificada todos os dias, o custo é muito alto. Ontem apareceu no restaurante um casal com uma senhora de idade, vieram porque ouviram o jibóia dizer que viria jantar no tapera. Jantaram, gostaram e fizeram um comentário. Ela era a quarta vez que vinha a Bonito, ele, era a terceira e nunca ninguém do TRADE comentou ou indicou o restaurante.

Eles estavam impressionados.

A Ana Cristina ouviu o comentário. Hoje voltaram para almoçar e conheceram o nosso Buffet, que estamos estudando a possibilidade de fechar.

Desde o dia que voltei, depois de anos estudando fora, encontrei uma barreira, mesmo morando em Campo Grande onde estudava fui eleito vereador, o segundo mais votado nas eleições de 1982. Foi um choque para muita gente, para eles minha candidatura era uma piada, só que esqueceram que eu era o filho do Mozart Soares.

Desde os primeiros dias na Câmara tive que comprar briga com a pessoa mais influente na cidade, o ex prefeito, pois o mesmo interferia muito no destino dela e de maneira equivocada. Ele era endeusado pela maior parte da população que, hoje, jura que nem o conhece, e poucos tem coragem para falar com ele. É uma pessoa abandonada e sem amigos. O tempo provou que eu estava certo e ele errado. Todos o condenam, mas para mim não tem absolvição. Pago a conta até hoje.

Por seis anos tive que brigar com metade da cidade , pois eu era o pára-raio do Prefeito Darci Bigaton, briguei e o defendi , pelo que acreditei ser o melhor para Bonito naquele tempo. A história provou novamente que eu estava correto, fomos enxotados da prefeitura, levamos a maior surra , dificilmente o fato será repetido. Quatro anos depois, o povo trouxe Bigaton de volta. Novamente não fui absolvido.

Sempre comprei e vou comprar briga pelo futuro de minha cidade, não troco meu pensamento por comodismo ou boas relações, não vou sair abraçando e beijando para ter parceiros comerciais, participei de todos os passos importantes do turismo de Bonito, estive presente sempre que era preciso, brigando pelo certo e pelo futuro não me importando com quem.

Sempre cobrei e ajudei a criar um turismo sério e responsável , que hoje já não é tão sério e nem tão responsável como já foi um dia. Arrumei briga porque abri o passeio no Rio Sucuri, denunciando as lavouras que estavam a trinta metros da nascente e, em praticamente toda a margem esquerda do rio. Toda chuva que caia deixava a água do sucuri barrenta. O promotor que levei para medir esta barbárie chama-se Haroldo Lima, graças a ele e ao Dr. Givaldo, promotor que o substituiu, conseguimos salvar o paradisíaco Rio Sucuri. Você não sabia? Procure se informar da história da cidade e conhecer as pessoas. Até hoje pago esta conta.

Nestes anos todos boicotaram o meu trabalho com o restaurante e também como criador de alguns dos mais importantes passos da cidade, dificilmente deixam as pessoas terem acesso a mim. Em uma das poucas palestras que proferi , apenas duas, na segunda e ultima um aluno perguntou se valeu a pena. O que eu respondi? Que valeu e faria tudo de novo sem titubear, apesar do custo que pago.

Se posso chamar de matéria, esta é para você Foca, o aluno que perguntou se valeu a pena. E o que você falou quando nós nos encontramos prova que vale a pena brigar por um ideal.

Perguntei à minha filha mais velha o custo que ela paga. Ela disse que vale a pena, por que todos eles acreditam e confiam em mim. Ela é escritora de www.zarahluna.com.br

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Passarinho

Passarinho Passarinho
Passarinho Passaredo
Vem voando delicado
Vem Pousar no arvoredo

Passarinho Passarinho
Passarinho Pequenino
Vem trazer boas noticias
Vem falar do meu menino

Passarinho Passarinho
Procurando seu filhinho
Onde estão nossas florestas
O que fizeram com seu ninho

Passarinho Passarinho
Homem mau apareceu
Acabou com sua casa
Acabou com mundo meu

Passarinho Passarinho
Como fica o filho seu
Não pergunte do menino
Nunca mais noticias deu

Passarinho Passarinho
Obrigado pelo ninho
Que será desse mundo
se não fosse o seu carinho

Passarinho Passarinho
O que foi que nós fizemos
Destruímos o seu ninho
E depois todos morremos

Passarinho Passarinho
Vem trazer o seu amor
Vem salvar a humanidade
Dessa sina de horror

Passarinho Passarinho
O que foi que eu te fiz
Destruí sua morada
Te tornei tão infeliz

Passarinho Passarinho
O que foi que aconteceu
Tua casa destruída
Homem mau apareceu


Obs.: Não está pronto, coloquei no Blog a pedido da Hélia

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Quando o importante não é importante.

Sempre se discute como vender Bonito, já se gastou fortunas, com formulas mágicas que não deram resultados, fizeram projetos de marketing com custos altíssimos para a comunidade, trouxeram grandes nomes para nos ensinar o que eles não sabiam, como é Bonito e como funciona o nosso turismo, sua história,capacidade de carga, comportamento do turista em nossa cidade, seu interesse, sua procura. Conversando com um amigo, todos os meus escritos vão sair de conversas com amigos, tenho alguns, podem não acreditar.

O assunto em pauta era um curso de comercialização de Bonito, e eu perguntei a ele, se durante o curso foi falado do produto mais importante que temos um produto de alto valor, que, para mim é o mais importante atrativo de nossa cidade e, praticamente ninguém consegue enxergá-lo, consequentemente para o trade não tem nenhum valor, em função disto nunca é lembrado quando se fala em comercializar Bonito, este atrativo não é visto, não é tocado, não tem valor comercial, não é contemplativo, mas esta em todos os lugares e horários de nossa cidade.

Este atrativo É O SENTIMENTO DE FAMILIA, é o carinho, o amor, o companheirismo, a integração, a união, enfim o mais importante não é o que a família vê em Bonito, e sim o que vive, um sentimento único, vivido em poucos lugares do mundo, sendo aqui um destes locais especiais.

Temos varias vantagens sobre os nossos destinos concorrentes, sendo este o mais importante. e nunca foi visto como um grande trunfo de marketing, como aqui o espírito de família não tem muita importância , como disse este amigo , aqui ninguém tem família, inclusive eu.

Alguém já prestou atenção como se comporta uma família aqui em nossa cidade? O mais chato dos adolescentes, aquele filho inconveniente, o casado, o solteiro com namorada. Todos ficam grudados aos pais durante todos os dias que passam em nossa comunidade, normalmente nos grandes centros os filhos pouco saem com os pais ou nunca, aqui ficam 24 horas em sintonia, os nossos atrativos obrigam a terem esta convivência, independente de idade , avós com 70 anos, filhos quarentões e netos adolescentes , todos fazem os passeios juntos durante toda a permanência da família em nossa cidade.

Como se comporta esta mesma família na praia? Eles ficam juntos às 24 horas do dia como aqui, tem esta harmonia que nós proporcionamos a eles. Pra você não vale nada, mas, para a família não existe preço que paga estes momentos, Bonito é muito barato. Na praia o jovem sai para a balada, os pais ficam sozinhos é mico ir junto, atrapalha, os avós e os pais o Maximo que fazem juntos é irem a um restaurante, os filhos dormem até meio dia, só vão a praia a tarde e sem a companhia dos pais pois estes acordaram cedo e pegaram o sol da manha, enfim só se encontram quando chegam ao destino de férias e quando estão retornando a sua cidade de origem.

Aqueles filhos que, andar com os pais é mico, nem ao cinema vão juntos, muito menos ao shopping, aqui passeiam abraçados pela nossa avenida, conversando, se curtindo, como dificilmente se harmonizam, nos passeios, brincam, conversam, ficam juntos durante todo o tempo, a noite quando saem sempre estão juntos, esta harmonia que os pais sentem , acaba sendo prejudicial a nossa evolução, pois, os mesmos ficam em estado de êxtase tão grande, pois normalmente não curte a família tanto quanto, esta curtindo aqui em Bonito, que e incapaz de fazer uma critica, no passeio, no hotel, no transporte, no restaurante, na loja , do atendimento do guia, pois com todo este comportamento da família eles estão em estado de graça, pois aqui se consegue isso.

Este, é o nosso maior produto, infelizmente, como disse o meu amigo, aqui não se tem o SENTIMENTO DE FAMILIA, como vão enxergar, esta dádiva.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A necessidade de mudanças

Tenho um amigo que sempre me procura para saber minha opinião sobre determinados assuntos, pois sabendo ele o que eu penso, ele já sabe o pensamento da cidade. Nunca bate.

No final da administração do Geraldo Marques ele me procurou e comentou que o prefeito havia desfeito o COMTUR. O que eu achava? Disse que foi a melhor coisa que aconteceu. Comentou então que a cidade não aceitaria. Perguntei a ele o que o Comtur fez até hoje de importante a não ser me expulsar na primeira reunião em que participei, sendo eu o único nativo membro do conselho. Falei: espero que o próximo prefeito crie um novo e ativo Conselho, pegando de cada segmento que tem direito a um representante, o que este tem de melhor. Vamos fazer um Conselho atuante e revolucionário.

Não deu certo!

Aqueles empresários que realmente podem fazer a diferença foram expulsos das reuniões e discussões importantes por pessoas medíocres, sem conhecimento da grandeza do turismo, e recém chegadas ao ramo, oriundos aqui da cidade e de outros lugares, se intitulando conhecedores do DESCONHECIDO. Estas pessoas importantes e desperdiçadas, com tantos afazeres em seus segmentos, depois de ouvirem tantas asneiras em reuniões, CANSARAM. Assim as reuniões passaram a ser vazias e sem fundamento.

Hoje eu faço uma pergunta a este amigo:

- Das pessoas que estão hoje no grande Conselho, os ditos representantes do TRADE, alguém sabe o que é turismo, sabe o que esta fazendo ou só estão se aproveitando da fama e do nome da nossa cidade?

Faço esta pergunta pelos seguintes motivos:

I. No mês de junho de 2009 foi feita em nossa cidade, provavelmente, a maior apreensão de carne de caça do Brasil. este assunto sem importância na cidade, ganhadora de prêmios de melhor destino de Ecoturismo do país, não entrou em pauta para discussão do grande Conselho. Um dos conselheiros é representante do Instituto Chico Mendes.

II. A cidade sempre sonhou com o aeroporto funcionando. Ele está. Temos vôo direto Rio, São José, Campo Grande e Bonito. O Rio tem mais de 10 milhões de habitantes. São José do Rio Preto e cidades circunvizinhas, acredito eu terem mais uns 6 milhões de habitantes, de alto poder aquisitivo. Pergunto: - Os representantes diretos do turismo no grande Conselho sabem da importância deste vôo para nossa cidade? Algum dia discutira uma forma de vender Bonito nestas cidades? Com certeza não.

III. Vocês ainda acreditam que quem mora no rico interior de São Paulo pegaria a família, iria à capital deixar seu carro em uma garagem para pegar um avião para Bonito? O mesmo acontecendo com o pessoal do interior do Paraná. Quem sairia de Londrina, Maringá ou Cascavel, e iria até Curitiba para pegar um avião para nossa cidade? Não vamos esperar que o Aeroporto trabalhe sozinho e que seja o salvador da pátria. Acordem! Onde está nosso marketing para interior destes estados?

IV. Porque o sulmatogrossense não é importante para nossa cidade? Na minha ignorância sempre acreditei que é o melhor público para captar, pois é o consumidor que mais perto está de nossas belezas. Já pensaram em fazer um trabalho para desmistificar, junto a eles, que nossos preços são caros? Ou eles não são importantes?

V. O Mato Grosso do Sul é conhecido no Brasil também como um estado de rios piscosos. Acredito que recebemos mais de 500 mil turistas de pesca todos os anos Eles vêm nos meses de baixa temporada para nosso turismo de natureza (março a final de outubro). Já estão aqui. Não é preciso ir a seus estados de origem captá-los, pois já ouviram falar de nós. Ou eles também não têm importância para a falsa moralidade do Ecoturismo?

VI. Tirando as praias, nós temos a melhor logística do Brasil. Todos os destinos que trabalham com natureza, e são nossos concorrentes, não têm o privilegio que nós temos. Nenhum tem belezas como as nossas nem a proximidade de grandes mercados consumidores. Estamos a 300 km de Dourados e Campo Grande. 700 km de Assunção, interior de São Paulo e Paraná. Estamos ao lado da Bolívia, não esquecendo que Paraguai e Bolivia não têm praias. Onde estão as nossas discussões sobre esta dádiva?

VII. Bonito é o paraíso, mas para se ter acesso ao paraíso não é simples. Precisa de amor, abdicação, cessão, humildade e desprendimento mundano. Como vamos trazer pessoas ao paraíso se não sabemos lidar com ele?

VIII. Dizem que sou invejoso, pessimista, revoltado, mal humorado, frustrado e mal agradecido. Não me importo! Minha parte eu já fiz. Fiquei muitos anos afastado das discussões e decisões sobre o futuro do turismo em minha cidade. Mas existem três coisas que realmente me tiram do sério: Mediocridade, Teimosia e Burrice. E isto é o tripé que sustenta o pensamento reinante no nosso Conselho e boa parte do TRADE.

IX. Se existe uma pessoa que tem o direito de falar, esta pessoa sou eu. A cidade se tornou conhecida e respeitada no Brasil e no exterior e ganhou vários prêmios importantes graças a um trabalho feito por mim. Obra de um só pai, o famoso e falado “Voucher Único”, que transformou a cidade em um modelo de gestão único no país e reverenciado em todo o território nacional.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quero voltar a ser índio

Há exatamente 27 anos e seis meses que eu não ficava à toa tantos dias como estou agora, com a reforma do Tapera. Desde que eu abri o restaurante nunca tirei férias, a não ser uma semana em 2005, fomos à praia e choveu todos os dias.
Hoje eu descobri como é bom não fazer nada, bater perna o dia todo, encontrar pessoas, conversar, ir à beira do rio, não ter obrigações de abrir o restaurante, ter comida pronta na hora certa, abrir de dia, abrir a noite, todos os dias do mês, todos os dias do ano.
Estando as margens do formoso, pensei como eu queria ser índio, ficar pescando, caçando, sem compromisso a não ser com a sobrevivência, como seria bom, não estar nem aí se o filho estuda, namora, dorme cedo, vê computador, tem internet, conta de água, luz, impostos, que inveja...Eta gente feliz!
Daí, levei um choque, uma fase de minha vida eu fui índio, olho pra trás e vejo a vida como ela era. Pescava, caçava e não tinha compromisso com nada.
Imaginem vocês, pesquei de arpão em todo o formoso, inclusive Balneário Municipal e Bonito Aventura, pesquei no Aquário e no Rio Sucuri, só não fui ao Prata, para a nossa preguiça era muito longe, daria muito trabalho. Caçávamos em todos os recantos do município, inclusive na região do Aquário.

Como tenho saudades da minha vida de índio.
Toda a minha infância, adolescência e parte da fase adulta, esta era a minha vida, única coisa que atrapalhava é que eu tinha que estudar, senão seria perfeito.
Proibiu-se a pesca nestes locais a caça foi proibida no Brasil inteiro, e todos nós temos que estudar para acompanhar esta evolução do "Homem Moderno".
Este texto não é uma apologia a pesca, a caça ou não ir a aula, não estudar e sim, uma saudade de um tempo gostoso que na atualidade não tem como existir.

Expectativa Frustrada

Estamos acabando a baixa temporada de 2010, talvez a pior dos últimos 10 anos e pra completar, "Copa do Mundo", todos estão em contagem regressiva pra julho.
Tivemos em 2009, um ano fabuloso para todo o nosso comércio, a comunidade estava em estado de graça, sonhado repetir em 2010 o mesmo movimento.
O ano está sendo frustrante pra praticamente a maioria das empresas. Na minha visão, apenas dois fatores nos ajudaram a ter um ano financeiro magnífico em 2009:
  1. Desastre no final do ano de 2008, que destruiu o verão de Santa Catarina. Gaúchos, catarinenses, sulmatogrossenses, paranaenses, enfim, milhares de pessoas que passavam final de ano e começo de ano nas paradisíacas praias catarinenses, não viajaram pra lá, milhares de paraguaios. Tivemos um verão maravilhoso financeiramente falando.
  2. Gripe suína, aparecendo no final de abril assustando o mundo. Milhares de turistas que iriam pra fora do país optaram por não viajar, nossos concorrente de inverno, México, Flórida, Chile e Argentina tiveram grandes debandagens de brasileiros. O Rio Grande do Sul, grande destino de inveno foi o Estado que mais sofreu com a calamidade, tendo inclusive seus cidadãos saídos do Estado para outros lugares à salvos da gripe.

Estas duas calamidades ajudaram Bonito a captar estes turistas. Quem tem hábito e dinheiro para passear com a família, mudam o roteiro programado e vai a um novo destino sem grandes dificuldades.
Perdemos mais um ano por falta de visão e planejamento, nos estamos iguais pais relapso, o culpado do filho não prestar, são as companhias, nunca a culpa é nossa.
Culpamos o dólar, falta de vôo e nunca nossas incompetências organizacionais e empresariais, que sempre têm uma desculpa.
Praticamente sozinhos fizemos um trabalho que o Brasil todo admira, será que perdemos a capacidade de criar e inovar?

Não adianta perdermos tempo com reuniões inúteis, discutir com pessoas que nada têm à oferecer, esqueçam as associações e seus interesses, vamos olhar o interesse maior que é a comunidade, não vamos nos esquecer do primeiro semestre de 2011, ele já está chegando!
Diz à lenda que temos na cidade 130 associações. Como isto pode funcionar?
"Quem mata filho não é a sociedade. São os pais!"

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Turismo de pesca no rio Miranda

É muito comum ouvir a frase "proibido pescar em Bonito", como se esta proibição atingisse todos os recantos do município esquecendo-se que Bonito tem o maravilhoso Rio Miranda, separando-o dos seguintes município: Jardim, Guia Lopes da Laguna, Nioaque, Anastácio e Miranda, sendo que temos em nosso município uma grande estrutura montada para o turismo de pesca, hotéis, pousadas, loteamentos com dezenas de casa. Alguns hotéis e pousadas com estruturas melhores do que muitos existentes na cidade.
Por que esta estrutura rica e funcionando a tantos anos, não faz parte do roteiro turístico de nossa cidade. Todos os anos, de Março a Novembro, esta estrutura recebe mais ou menos 60.000 turistas de pesca, vindos de todos os lugares do Brasil, principalmente do interior de São Paulo. Boa parte das residências existentes nos loteamentos são de paulistas que vêem à Bonito várias vezes ao ano. Pessoas estas com um grande potêncial de consumo, empresários, industriais, profissionais liberais, etc.
Qual a importância destes turistas para a economia de Bonito?
Nenhuma, segundo o pensamento existente e dominante dos nossos empresários de turismo e guias.
Segundo nossos gênios pensantes, nós somos ecoturismo, pesca agride o nosso paraíso, nosso nome e vai contra a grande preservação de Bonito. Acreditam que pescadores não respeitam a natureza, como se nós a respeitássemos.
Mas por falar em ecoturismo, "eco empresários", "eco guias", "eco funcionários" e "eco respeito" este mês estamos comemorando "1 ano" de talvez a MAIOR APREENSÃO DE CARNE DE CAÇA DO BRASIL.
Qual a participação do trade nisto?
Será o assunto para a próxima matéria.
Vamos voltar a pesca!
Desde que começamos a explorar o turismo comercialmente, temos dificuldades de ocupação nos meses compreendidos entre março a novembro, com excessão de parte de julho e pedaços de setembro e outubro. No resto dos tempos passamos praticamente "as moscas" e tendo a apenas 50 km de distância milhares de potenciais compradores e em suas cidades de origem, milhares de esposas que também poderiam estar conosco, principalmente "elas", o melhor público para a nossa cidade.
Normalmente, quando o homem sai pra pescar, fica vários dias fora de casa, a esposa gostaria de ir junto mas, dificilmente gosta de pescar embora gostaria de estar por perto.
Nós em Bonito temos esta grande vantagem, elas estariam em um local magnífico, desejo de consumo de todos, estando praticamente ao lado dos maridos pescadores.
Vocês já notaram que estão dando "tiro no pé" cada vez que falamos pra um turista que não se pesca em Bonito?
Que estamos trabalhando contra a nossa própria existência comercial!
Quando você fala para seu hospede que não se pesca em Bonito, ele fecha a conta, vai para Miranda, Porto Murtinho ou Corumbá e nos abandona, podendo acontecer o contrário, ficar hospedado em nossa cidade, sair cedinho, passar o dia pescando no nosso rio Miranda, curtir uma pescaria com a família e voltar pra dormir em nossos hotéis. Parando de expulsar o que já está na cidade nos pedindo informação de pesca, já começaremos a lucrar bastante, imagine quando conquistarmos o que está vindo pescar no nosso "Rio Miranda".
Se conseguirmos atingir 10% das mulheres dos pescadores do rio Miranda teremos mais ou menos 6.000 mulheres em Bonito entre março a novembro.
Em se comparando é o equivalente a 60 aviões por ano com 100 passageiros cada, 150 ônibus com 40 pessoas cada, isso é só as mulheres possíveis de se conseguir atrair para ficar conosco, sem contar com o número exato de se conquistar, que são os esposos, presente em nosso município.
Toda esta estrutura pertence ao nosso município. É de Bonito! Qual a participação na arrecadação municipal?
Pagam impostos?
Emitem voucher pra cada barco saindo pra pescar, pagam o ISS? Eles tem vantagens em serem e terem essas estruturas em Bonito?
Tem escolas?
Tem Saúde?
O poder público olha com carinho pra eles?
Os tratam também como parte importante da sociedade Bonitense?
Hoje, quem tem acima de 40 anos e está passeando com a família , um dia pescou com o pai ou com um tio. Até pouco tempo nós éramos uns pais interioranos, quantos pais hoje estão passeando e gostariam de pescar com os filhos? Quanto estamos perdendo?
Já pensaram quantas famílias poderiam antecipar a saída das férias de julho e vir pra Bonito passear e pescar com os filhos?
Toda essa história de pesca, escondida embaixo do tapete, por quê não muda?
Quem é o culpado?
Por que não enxergamos a importância?
O novo empresário, este que chegou nos últimos 10 anos, ouvindo a conversa da proibição, ele é culpado por não procurar se informar?
Em entrar no ritmo do tiro no pé?
Bonito pra melhorar, precisa desmistificar várias coisas,a pesca é uma delas.
Tivemos por alguns anos, uma faculdade particular de turismo que também passou batida em relação a pesca. No meio acadêmico este assunto era tabu, por quê?
Como uma faculdade que se dispôs a ensinar, forma e qualificar turismologos, não viu a importância nesta estrutura?
Não ouvi falar em nenhuma pesquisa feita por alunos ou professores, nenhuma monografia, trabalhos estes que seriam muito importante para o desenvolvimento do nosso turismo.
AH! Ela fechou!
Agora, temos uma faculdade federal de turismo, ótimo!
Pergunto:
Já começou a discussão, a integração cidade de turismo de contemplação e uso da natureza e não ecoturismo como se intitula, com a grande e importante estrutura de pesca do nosso rio Miranda em nosso município?
Não pode passar batido novamente!Vamos enfim, compreender que o turismo de pesca é legal, existe e é muito importante para a economia de Bonito!
Vamos esquecer nossa ignorância e radicalismo, temos como reverter o quadro econômicoSerá que isto não é importante?
Vamos pensar com carinho!