sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quero voltar a ser índio

Há exatamente 27 anos e seis meses que eu não ficava à toa tantos dias como estou agora, com a reforma do Tapera. Desde que eu abri o restaurante nunca tirei férias, a não ser uma semana em 2005, fomos à praia e choveu todos os dias.
Hoje eu descobri como é bom não fazer nada, bater perna o dia todo, encontrar pessoas, conversar, ir à beira do rio, não ter obrigações de abrir o restaurante, ter comida pronta na hora certa, abrir de dia, abrir a noite, todos os dias do mês, todos os dias do ano.
Estando as margens do formoso, pensei como eu queria ser índio, ficar pescando, caçando, sem compromisso a não ser com a sobrevivência, como seria bom, não estar nem aí se o filho estuda, namora, dorme cedo, vê computador, tem internet, conta de água, luz, impostos, que inveja...Eta gente feliz!
Daí, levei um choque, uma fase de minha vida eu fui índio, olho pra trás e vejo a vida como ela era. Pescava, caçava e não tinha compromisso com nada.
Imaginem vocês, pesquei de arpão em todo o formoso, inclusive Balneário Municipal e Bonito Aventura, pesquei no Aquário e no Rio Sucuri, só não fui ao Prata, para a nossa preguiça era muito longe, daria muito trabalho. Caçávamos em todos os recantos do município, inclusive na região do Aquário.

Como tenho saudades da minha vida de índio.
Toda a minha infância, adolescência e parte da fase adulta, esta era a minha vida, única coisa que atrapalhava é que eu tinha que estudar, senão seria perfeito.
Proibiu-se a pesca nestes locais a caça foi proibida no Brasil inteiro, e todos nós temos que estudar para acompanhar esta evolução do "Homem Moderno".
Este texto não é uma apologia a pesca, a caça ou não ir a aula, não estudar e sim, uma saudade de um tempo gostoso que na atualidade não tem como existir.

Expectativa Frustrada

Estamos acabando a baixa temporada de 2010, talvez a pior dos últimos 10 anos e pra completar, "Copa do Mundo", todos estão em contagem regressiva pra julho.
Tivemos em 2009, um ano fabuloso para todo o nosso comércio, a comunidade estava em estado de graça, sonhado repetir em 2010 o mesmo movimento.
O ano está sendo frustrante pra praticamente a maioria das empresas. Na minha visão, apenas dois fatores nos ajudaram a ter um ano financeiro magnífico em 2009:
  1. Desastre no final do ano de 2008, que destruiu o verão de Santa Catarina. Gaúchos, catarinenses, sulmatogrossenses, paranaenses, enfim, milhares de pessoas que passavam final de ano e começo de ano nas paradisíacas praias catarinenses, não viajaram pra lá, milhares de paraguaios. Tivemos um verão maravilhoso financeiramente falando.
  2. Gripe suína, aparecendo no final de abril assustando o mundo. Milhares de turistas que iriam pra fora do país optaram por não viajar, nossos concorrente de inverno, México, Flórida, Chile e Argentina tiveram grandes debandagens de brasileiros. O Rio Grande do Sul, grande destino de inveno foi o Estado que mais sofreu com a calamidade, tendo inclusive seus cidadãos saídos do Estado para outros lugares à salvos da gripe.

Estas duas calamidades ajudaram Bonito a captar estes turistas. Quem tem hábito e dinheiro para passear com a família, mudam o roteiro programado e vai a um novo destino sem grandes dificuldades.
Perdemos mais um ano por falta de visão e planejamento, nos estamos iguais pais relapso, o culpado do filho não prestar, são as companhias, nunca a culpa é nossa.
Culpamos o dólar, falta de vôo e nunca nossas incompetências organizacionais e empresariais, que sempre têm uma desculpa.
Praticamente sozinhos fizemos um trabalho que o Brasil todo admira, será que perdemos a capacidade de criar e inovar?

Não adianta perdermos tempo com reuniões inúteis, discutir com pessoas que nada têm à oferecer, esqueçam as associações e seus interesses, vamos olhar o interesse maior que é a comunidade, não vamos nos esquecer do primeiro semestre de 2011, ele já está chegando!
Diz à lenda que temos na cidade 130 associações. Como isto pode funcionar?
"Quem mata filho não é a sociedade. São os pais!"

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Turismo de pesca no rio Miranda

É muito comum ouvir a frase "proibido pescar em Bonito", como se esta proibição atingisse todos os recantos do município esquecendo-se que Bonito tem o maravilhoso Rio Miranda, separando-o dos seguintes município: Jardim, Guia Lopes da Laguna, Nioaque, Anastácio e Miranda, sendo que temos em nosso município uma grande estrutura montada para o turismo de pesca, hotéis, pousadas, loteamentos com dezenas de casa. Alguns hotéis e pousadas com estruturas melhores do que muitos existentes na cidade.
Por que esta estrutura rica e funcionando a tantos anos, não faz parte do roteiro turístico de nossa cidade. Todos os anos, de Março a Novembro, esta estrutura recebe mais ou menos 60.000 turistas de pesca, vindos de todos os lugares do Brasil, principalmente do interior de São Paulo. Boa parte das residências existentes nos loteamentos são de paulistas que vêem à Bonito várias vezes ao ano. Pessoas estas com um grande potêncial de consumo, empresários, industriais, profissionais liberais, etc.
Qual a importância destes turistas para a economia de Bonito?
Nenhuma, segundo o pensamento existente e dominante dos nossos empresários de turismo e guias.
Segundo nossos gênios pensantes, nós somos ecoturismo, pesca agride o nosso paraíso, nosso nome e vai contra a grande preservação de Bonito. Acreditam que pescadores não respeitam a natureza, como se nós a respeitássemos.
Mas por falar em ecoturismo, "eco empresários", "eco guias", "eco funcionários" e "eco respeito" este mês estamos comemorando "1 ano" de talvez a MAIOR APREENSÃO DE CARNE DE CAÇA DO BRASIL.
Qual a participação do trade nisto?
Será o assunto para a próxima matéria.
Vamos voltar a pesca!
Desde que começamos a explorar o turismo comercialmente, temos dificuldades de ocupação nos meses compreendidos entre março a novembro, com excessão de parte de julho e pedaços de setembro e outubro. No resto dos tempos passamos praticamente "as moscas" e tendo a apenas 50 km de distância milhares de potenciais compradores e em suas cidades de origem, milhares de esposas que também poderiam estar conosco, principalmente "elas", o melhor público para a nossa cidade.
Normalmente, quando o homem sai pra pescar, fica vários dias fora de casa, a esposa gostaria de ir junto mas, dificilmente gosta de pescar embora gostaria de estar por perto.
Nós em Bonito temos esta grande vantagem, elas estariam em um local magnífico, desejo de consumo de todos, estando praticamente ao lado dos maridos pescadores.
Vocês já notaram que estão dando "tiro no pé" cada vez que falamos pra um turista que não se pesca em Bonito?
Que estamos trabalhando contra a nossa própria existência comercial!
Quando você fala para seu hospede que não se pesca em Bonito, ele fecha a conta, vai para Miranda, Porto Murtinho ou Corumbá e nos abandona, podendo acontecer o contrário, ficar hospedado em nossa cidade, sair cedinho, passar o dia pescando no nosso rio Miranda, curtir uma pescaria com a família e voltar pra dormir em nossos hotéis. Parando de expulsar o que já está na cidade nos pedindo informação de pesca, já começaremos a lucrar bastante, imagine quando conquistarmos o que está vindo pescar no nosso "Rio Miranda".
Se conseguirmos atingir 10% das mulheres dos pescadores do rio Miranda teremos mais ou menos 6.000 mulheres em Bonito entre março a novembro.
Em se comparando é o equivalente a 60 aviões por ano com 100 passageiros cada, 150 ônibus com 40 pessoas cada, isso é só as mulheres possíveis de se conseguir atrair para ficar conosco, sem contar com o número exato de se conquistar, que são os esposos, presente em nosso município.
Toda esta estrutura pertence ao nosso município. É de Bonito! Qual a participação na arrecadação municipal?
Pagam impostos?
Emitem voucher pra cada barco saindo pra pescar, pagam o ISS? Eles tem vantagens em serem e terem essas estruturas em Bonito?
Tem escolas?
Tem Saúde?
O poder público olha com carinho pra eles?
Os tratam também como parte importante da sociedade Bonitense?
Hoje, quem tem acima de 40 anos e está passeando com a família , um dia pescou com o pai ou com um tio. Até pouco tempo nós éramos uns pais interioranos, quantos pais hoje estão passeando e gostariam de pescar com os filhos? Quanto estamos perdendo?
Já pensaram quantas famílias poderiam antecipar a saída das férias de julho e vir pra Bonito passear e pescar com os filhos?
Toda essa história de pesca, escondida embaixo do tapete, por quê não muda?
Quem é o culpado?
Por que não enxergamos a importância?
O novo empresário, este que chegou nos últimos 10 anos, ouvindo a conversa da proibição, ele é culpado por não procurar se informar?
Em entrar no ritmo do tiro no pé?
Bonito pra melhorar, precisa desmistificar várias coisas,a pesca é uma delas.
Tivemos por alguns anos, uma faculdade particular de turismo que também passou batida em relação a pesca. No meio acadêmico este assunto era tabu, por quê?
Como uma faculdade que se dispôs a ensinar, forma e qualificar turismologos, não viu a importância nesta estrutura?
Não ouvi falar em nenhuma pesquisa feita por alunos ou professores, nenhuma monografia, trabalhos estes que seriam muito importante para o desenvolvimento do nosso turismo.
AH! Ela fechou!
Agora, temos uma faculdade federal de turismo, ótimo!
Pergunto:
Já começou a discussão, a integração cidade de turismo de contemplação e uso da natureza e não ecoturismo como se intitula, com a grande e importante estrutura de pesca do nosso rio Miranda em nosso município?
Não pode passar batido novamente!Vamos enfim, compreender que o turismo de pesca é legal, existe e é muito importante para a economia de Bonito!
Vamos esquecer nossa ignorância e radicalismo, temos como reverter o quadro econômicoSerá que isto não é importante?
Vamos pensar com carinho!