segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MAS ELES NÃO QUEREM MUDAR.

Conversando com uma senhora que estava almoçando em minha casa, ela estava a serviço aqui em Bonito, estávamos a falar da participação do nativo no desenvolvimento de nossa cidade e no que sobrou para ele deste bolo do turismo, dos proprietários que venderam suas propriedades, sendo deslocados para a marginalidade dos acontecimentos da cidade. Disse-me ela que isto era comum, dizendo que em um novo pólo de desenvolvimento o morador pouco participa deste acontecimento social e econômico, contando um fato em que ela participou.

Há mais de trinta anos um prefeito de uma cidade litorânea do nordeste, preocupado com o desenvolvimento de sua cidade, resolveu atrair investidores doando terrenos para todo tipo de investimento. Tendo esta senhora recebido um terreno, tendo-o até hoje, disse-me ela que, lá também apesar de ser um local paradisíaco os moradores não quiseram participar do bolo do desenvolvimento, tendo se recolhido para a periferia da cidade.

Como gosto de criar teorias, neste momento surgiu uma e discordei prontamente dizendo que todo ser humano tem medo do desconhecido, do novo, até o Lula meteu medo na alta cúpula da economia brasileira, se os letrados ficaram com medo, imagine os de pouco estudo e nenhum conhecimento do mundo.

Praticamente todo local aonde o desenvolvimento chega, um novo eldorado, que é habitado por pessoas humildes e de pouca escolaridade, principalmente novos destinos de turismo e mais forte em local de turismo de natureza como são os dois casos, sem ajuda, sem estímulo, sem conversas...

Como eles entenderão esta mudança?

De que maneira podem participar?

Quando Bonito começou a acontecer, tentei ajudar, ser ouvido, convencer as pessoas de que o hoje iria acontecer e que nós os bonitenses não poderíamos ficar de fora, fui chamado de louco, bobo e também de mal intencionado. Tentei fazer com que acreditassem no nosso potencial, não vendessem suas propriedades, investissem, poucos me ouviram, apenas meia dúzia entendeu. Não fui ouvido por um simples motivo, eu não tinha aparência, não tinha um grande carro, dinheiro e não vim do estrangeiro, não seria referência pra ninguém.

Citando um dos momentos que vivi em função deste acreditar, estava em uma agência bancária de nossa cidade, era o ano de 1997, quando chegou um pecuarista muito conhecido na cidade e começou a agredir-me com palavras, perguntando quando é que eu iria parar de mentir, enganar a cidade, dizendo que Bonito seria um pólo de turismo do futuro, que o futuro estava em Bodoquena, lá era o local das pessoas investirem, que a indústria de cimento traria o futuro, que eu parasse de falar em turismo que isto nunca iria acontecer. Hoje ele é um dos poucos bonitenses privilegiados pela chamada indústria do turismo em nossa cidade.

A conclusão que chego é que, as lideranças de um novo pólo de desenvolvimento têm a obrigação moral de criar maneiras de a população tomar consciência dessa nova vida, e serem inseridos nestes acontecimentos. Se tiverem carinho, respeito, amor a sua comunidade, tendo pensamento de coletividade a história pode ser diferente o povo não será excluído, como aconteceu com Bonito e a cidade nordestina da conversa com a senhora de Brasília, pois os líderes têm que serem sérios, pois eles têm o que as pessoas gostam “Aparência”.

POVO, POLÍTICO E CARROCERIA

Desde os tempos de criança uma cena se repete, hoje a cada dois anos, antes de quatro em quatro, um grande movimento social, sem mudanças de classes. Atualmente a cada dois anos, a esperança de mudanças, de melhoria de vida, renasce no coração e na alma do comum, a grande base da pirâmide da vida.

Há décadas vejo as pessoas vestindo a camisa de um desconhecido, vendendo uma palavra que não conhece, lutando por uma causa que só a ele interessa, apostando suas fichas em um jogo de cartas marcadas, onde sempre saem derrotados, pregando uma verdade que não existe, sonhando com o que não acontece, nem eles sabem o que querem.

Criaram um termo muito ardido para defini-los, Massa de Manobra, é horrível, mas acaba sendo. Fico olhando e tentando descobrir como pessoas criadas com amor, carinho, senso do certo e do errado, dentro dos padrões comportamentais da sociedade existente, em ano político perdem o senso da realidade, param de pensar e seguem em grupos. Pseudo líderes e o pior, induzem seus filhos, por eles bem educados, moralmente bem criados, a seguirem e até a brigar por eles, a histeria toma conta da comunidade, o meu é o melhor e vai solucionar todos os nossos problemas.

Hoje teve uma grande passeata, de uma das coligações que estão disputando o poder, vendendo o sonho de que agora chegou a hora. Durante todos estes anos acompanho as passeatas, da campanha e a da vitória, sempre vejo as mesmas pessoas, empunhando bandeiras dos melhores, sempre em cima de carrocerias ou dentro de velhos carros, alguns já trazem os netos, há alguns anos eram os filhos. Este político vai mudar? A única coisa que muda é o carro do bonitinho que sempre está na cabine, aquele da carroceria só sobra o sonho de que o futuro será agora.

MALDIÇÃO DO SINHOZINHO

Sempre ouço um comentário justificando porque Bonito tem dificuldades, normalmente arrumamos desculpas para nossas incompetências, e isto não é de hoje, desde meu tempo de criança, no século passado, toda dificuldade que a cidade passa a culpa sempre era e será da "MALDIÇÃO DO SINHOZINHO".

Escuto estas palavras ditas por pessoas nascidas aqui e de outros, vindos há tempos de outras regiões do país ou os chegados há pouco tempo, nunca falo nada apenas escuto, pois já se passaram sessenta anos desde a passagem dele por Bonito, e acredito eu que poucos entenderam o motivo de sua passagem pelo município.

Nós estamos em uma região que é um centro muito forte de energias, é um canalizador, tanto temos energias positivas como também muitas energias negativas. De sua passagem por Bonito, ele veio para trazer amor, assim como veio décadas depois João de Deus, outra entidade de grande espiritualidade.

Tento entender como as mensagens são compreendidas de forma errada, cada um interpreta de acordo com seu interesse. Como uma pessoa que passou por nosso município pregando a paz, o amor, a solidariedade, a irmandade, a espiritualidade, tendo a família como "o sagrado", teria deixado uma maldição para nossa comunidade ?

Conhecendo a minha terra como conheço, acompanho sua história , tendo visto e ouvido coisas de tirar pica pau do oco, sou um estudioso de comportamentos, sempre tive minha explicação para o legado de Sinhozinho, na sua passagem por Bonito, encontrou grande resistência por parte dos mandatários da época, tanto político como econômico, tendo ele conseguido ouvintes para suas pregações, suficientes para incomodar os importantes da época, trazendo medo e ciúme ao pensamento dominante. Perseguido e preso foi deportado para Ponta Porã, deixando uma mensagem para a comunidade de Bonito, sendo a mesma mal interpretada. A comunidade precisava mudar a postura comportamental, deixando de lado a ambição, o egoísmo e a individualidade, caso isto não acontecesse , não haveria mudança, aqui só se perde a individualidade quando se juntam para prejudicar algo ou alguém.

E realmente nós continuamos com o mesmo pensamento e comportamento de a sessenta anos atrás, não existe maldição e sim o continuísmo.

domingo, 19 de setembro de 2010

AINDA RESTAM OS GUAVIRAIS

Ontem eu e o Aldemir fomos catar guavira na fazenda do Dr. Laercio e na do Julinho. Quando la chegamos, voltei algumas décadas no passado, pois encontrei dezenas de pessoas que há muito tempo não via. Gente do nosso passado, pessoas humildes em carrocerias de velhos carros, já proibidos nas rodovias, engarupados em velhas e novas motocicletas, fazendeiros em cabines duplas. Passei uma boa parte do tempo observando-os passeando pelo guaviral.

Vendo-os disputando os pés de guavira, vi como a natureza é sábia, pois naquele momento, não existe hierarquia, status social, rico e pobre, todos são iguais, teem o mesmo direito, o melhor pé a melhor guavira. O primeiro que chegar é o dono. Vendo os meus conhecidos do tempo de criança, fiquei a olhar com tristeza e alegria ao mesmo tempo, todos estavam alegres e felizes no seu ambiente, na sua hora, curtindo uma tradição passada de pais para filhos há décadas, fiquei feliz ouvindo as gargalhadas, os gritos avisando os familiares que tinham encontrado uma boa moita com frutos grandes e doces. Apesar de toda alegria cheguei a uma triste conclusão: aos bonitenses, por enquanto SÓ SOBRARAM OS GUAVIRAIS.

Quando alguém que vem de outras regiões do Brasil, pergunta porque a paixão pela guavira, eu sempre falo: “Quando você conhecer e provar a fruta do paraíso entenderá esta paixão. Ela é tão importante em nossa sociedade, que historicamente, quando ela está com frutos, não tem um dono, ela pertence ao homem por direito da natureza, tanto que nestes dias o proprietário da terra perde seu direito de dono e os guavirais pertencem a todos da comunidade, o homem volta aos tempos primordiais e tudo pertence a todos, cercas e portões passam a não ter significados.”

Nov - 2008

VALE A PENA


Esta semana uma pessoa falou que eu não devo sair à rua e nem conversar com ninguém, pois cada vez que abro a boca, perco mais clientes e minha casa fica mais tapera.

Vale à pena ter uma meta, brigar por ela durante décadas, ter um ideal e sonhar com uma cidade mais humana. Qual o preço pago por ser o babaca oficial da cidade?

Ser boicotado todos os dias, apesar de ter uma cozinha respeitada e séria, a família é sacrificada todos os dias, o custo é muito alto. Ontem apareceu no restaurante um casal com uma senhora de idade, vieram porque ouviram o jibóia dizer que viria jantar no tapera. Jantaram, gostaram e fizeram um comentário. Ela era a quarta vez que vinha a Bonito, ele, era a terceira e nunca ninguém do TRADE comentou ou indicou o restaurante.

Eles estavam impressionados.

A Ana Cristina ouviu o comentário. Hoje voltaram para almoçar e conheceram o nosso Buffet, que estamos estudando a possibilidade de fechar.

Desde o dia que voltei, depois de anos estudando fora, encontrei uma barreira, mesmo morando em Campo Grande onde estudava fui eleito vereador, o segundo mais votado nas eleições de 1982. Foi um choque para muita gente, para eles minha candidatura era uma piada, só que esqueceram que eu era o filho do Mozart Soares.

Desde os primeiros dias na Câmara tive que comprar briga com a pessoa mais influente na cidade, o ex prefeito, pois o mesmo interferia muito no destino dela e de maneira equivocada. Ele era endeusado pela maior parte da população que, hoje, jura que nem o conhece, e poucos tem coragem para falar com ele. É uma pessoa abandonada e sem amigos. O tempo provou que eu estava certo e ele errado. Todos o condenam, mas para mim não tem absolvição. Pago a conta até hoje.

Por seis anos tive que brigar com metade da cidade , pois eu era o pára-raio do Prefeito Darci Bigaton, briguei e o defendi , pelo que acreditei ser o melhor para Bonito naquele tempo. A história provou novamente que eu estava correto, fomos enxotados da prefeitura, levamos a maior surra , dificilmente o fato será repetido. Quatro anos depois, o povo trouxe Bigaton de volta. Novamente não fui absolvido.

Sempre comprei e vou comprar briga pelo futuro de minha cidade, não troco meu pensamento por comodismo ou boas relações, não vou sair abraçando e beijando para ter parceiros comerciais, participei de todos os passos importantes do turismo de Bonito, estive presente sempre que era preciso, brigando pelo certo e pelo futuro não me importando com quem.

Sempre cobrei e ajudei a criar um turismo sério e responsável , que hoje já não é tão sério e nem tão responsável como já foi um dia. Arrumei briga porque abri o passeio no Rio Sucuri, denunciando as lavouras que estavam a trinta metros da nascente e, em praticamente toda a margem esquerda do rio. Toda chuva que caia deixava a água do sucuri barrenta. O promotor que levei para medir esta barbárie chama-se Haroldo Lima, graças a ele e ao Dr. Givaldo, promotor que o substituiu, conseguimos salvar o paradisíaco Rio Sucuri. Você não sabia? Procure se informar da história da cidade e conhecer as pessoas. Até hoje pago esta conta.

Nestes anos todos boicotaram o meu trabalho com o restaurante e também como criador de alguns dos mais importantes passos da cidade, dificilmente deixam as pessoas terem acesso a mim. Em uma das poucas palestras que proferi , apenas duas, na segunda e ultima um aluno perguntou se valeu a pena. O que eu respondi? Que valeu e faria tudo de novo sem titubear, apesar do custo que pago.

Se posso chamar de matéria, esta é para você Foca, o aluno que perguntou se valeu a pena. E o que você falou quando nós nos encontramos prova que vale a pena brigar por um ideal.

Perguntei à minha filha mais velha o custo que ela paga. Ela disse que vale a pena, por que todos eles acreditam e confiam em mim. Ela é escritora de www.zarahluna.com.br

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Passarinho

Passarinho Passarinho
Passarinho Passaredo
Vem voando delicado
Vem Pousar no arvoredo

Passarinho Passarinho
Passarinho Pequenino
Vem trazer boas noticias
Vem falar do meu menino

Passarinho Passarinho
Procurando seu filhinho
Onde estão nossas florestas
O que fizeram com seu ninho

Passarinho Passarinho
Homem mau apareceu
Acabou com sua casa
Acabou com mundo meu

Passarinho Passarinho
Como fica o filho seu
Não pergunte do menino
Nunca mais noticias deu

Passarinho Passarinho
Obrigado pelo ninho
Que será desse mundo
se não fosse o seu carinho

Passarinho Passarinho
O que foi que nós fizemos
Destruímos o seu ninho
E depois todos morremos

Passarinho Passarinho
Vem trazer o seu amor
Vem salvar a humanidade
Dessa sina de horror

Passarinho Passarinho
O que foi que eu te fiz
Destruí sua morada
Te tornei tão infeliz

Passarinho Passarinho
O que foi que aconteceu
Tua casa destruída
Homem mau apareceu


Obs.: Não está pronto, coloquei no Blog a pedido da Hélia

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Quando o importante não é importante.

Sempre se discute como vender Bonito, já se gastou fortunas, com formulas mágicas que não deram resultados, fizeram projetos de marketing com custos altíssimos para a comunidade, trouxeram grandes nomes para nos ensinar o que eles não sabiam, como é Bonito e como funciona o nosso turismo, sua história,capacidade de carga, comportamento do turista em nossa cidade, seu interesse, sua procura. Conversando com um amigo, todos os meus escritos vão sair de conversas com amigos, tenho alguns, podem não acreditar.

O assunto em pauta era um curso de comercialização de Bonito, e eu perguntei a ele, se durante o curso foi falado do produto mais importante que temos um produto de alto valor, que, para mim é o mais importante atrativo de nossa cidade e, praticamente ninguém consegue enxergá-lo, consequentemente para o trade não tem nenhum valor, em função disto nunca é lembrado quando se fala em comercializar Bonito, este atrativo não é visto, não é tocado, não tem valor comercial, não é contemplativo, mas esta em todos os lugares e horários de nossa cidade.

Este atrativo É O SENTIMENTO DE FAMILIA, é o carinho, o amor, o companheirismo, a integração, a união, enfim o mais importante não é o que a família vê em Bonito, e sim o que vive, um sentimento único, vivido em poucos lugares do mundo, sendo aqui um destes locais especiais.

Temos varias vantagens sobre os nossos destinos concorrentes, sendo este o mais importante. e nunca foi visto como um grande trunfo de marketing, como aqui o espírito de família não tem muita importância , como disse este amigo , aqui ninguém tem família, inclusive eu.

Alguém já prestou atenção como se comporta uma família aqui em nossa cidade? O mais chato dos adolescentes, aquele filho inconveniente, o casado, o solteiro com namorada. Todos ficam grudados aos pais durante todos os dias que passam em nossa comunidade, normalmente nos grandes centros os filhos pouco saem com os pais ou nunca, aqui ficam 24 horas em sintonia, os nossos atrativos obrigam a terem esta convivência, independente de idade , avós com 70 anos, filhos quarentões e netos adolescentes , todos fazem os passeios juntos durante toda a permanência da família em nossa cidade.

Como se comporta esta mesma família na praia? Eles ficam juntos às 24 horas do dia como aqui, tem esta harmonia que nós proporcionamos a eles. Pra você não vale nada, mas, para a família não existe preço que paga estes momentos, Bonito é muito barato. Na praia o jovem sai para a balada, os pais ficam sozinhos é mico ir junto, atrapalha, os avós e os pais o Maximo que fazem juntos é irem a um restaurante, os filhos dormem até meio dia, só vão a praia a tarde e sem a companhia dos pais pois estes acordaram cedo e pegaram o sol da manha, enfim só se encontram quando chegam ao destino de férias e quando estão retornando a sua cidade de origem.

Aqueles filhos que, andar com os pais é mico, nem ao cinema vão juntos, muito menos ao shopping, aqui passeiam abraçados pela nossa avenida, conversando, se curtindo, como dificilmente se harmonizam, nos passeios, brincam, conversam, ficam juntos durante todo o tempo, a noite quando saem sempre estão juntos, esta harmonia que os pais sentem , acaba sendo prejudicial a nossa evolução, pois, os mesmos ficam em estado de êxtase tão grande, pois normalmente não curte a família tanto quanto, esta curtindo aqui em Bonito, que e incapaz de fazer uma critica, no passeio, no hotel, no transporte, no restaurante, na loja , do atendimento do guia, pois com todo este comportamento da família eles estão em estado de graça, pois aqui se consegue isso.

Este, é o nosso maior produto, infelizmente, como disse o meu amigo, aqui não se tem o SENTIMENTO DE FAMILIA, como vão enxergar, esta dádiva.