segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"Para que serve o conhecimento arquivado? Há duas maneiras de ver o conhecimento: o só meu e o coletivo. Tem que ser mostrado, discutido e implantado. Em um país pobre como o nosso, não interessa quanto sacrifício custou o seu conhecimento, ele tem que ser dividido, senão perde o sentido de tê-lo. "


Um velho amigo professor universitário em outras bandas (entre outros inúmeros que tenho) leu um de meus artigos, me abraçou e disse: - pena que o jovem que ler só vai entender quando tiver mais de trinta e cinco anos. Fiquei feliz por ter um pensamento, triste pelo tempo perdido, não meu, mas daqueles que hoje não entendem o que falo ou escrevo.



Lembrando das palavras do sábio professor Adelino, (quem o conhece o trata assim) uma pessoa incrível, resolvi escrever esta matéria. Novamente o tema é o estudar. Sempre irei repetir algumas coisas já escritas.



Também um professor alemão que aqui esteve para fazer um trabalho para seu pós doutorando, passou uns vinte dias comigo. O tema de seu estudo é o trabalho por mim criado: O modelo de gestão, ou Voucher Único. O professor peguntou-me se alguém na cidade entendia o que eu escrevia, até pediu desculpas para fazer a pergunta. Coisa de gente civilizada. Respondi que poucos entendem o que escrevo ou o que falo.



Tudo começou no século passado, na primeira administração do atual prefeito, quando este resolveu doar a melhor área verde da cidade para que uma escola particular, ligada a maçonaria, implantasse no local uma Faculdade. Como sempre, toda a cidade aplaudiu em pé, como sempre eu, que talvez fosse o único contra esta doação, comecei a discutir o assunto, pois estavam doando o pulmão da cidade, uma área de preservação permanente. Aquele é o melhor local para ser feito nosso orquidário, jardim botânico ou horto florestal. Enfim, um local para se fazer uma grande área de lazer para a comunidade, nunca uma escola. Com o agravante que o local está no início da rodovia. Eu sempre fui contra doar esta área. Não é uma área para se construir a faculdade. As pessoas comentavam que eu era contra vir para Bonito uma faculdade. Na gestão seguinte esta doação foi sacramentada.



Em 2.000, quando fui candidato, em meu primeiro comício disse que a prioridade era a educação e que nossa educação era abaixo da média, deficitária. Fui massacrado pelos professores, pois, segundo eles, tínhamos uma educação perfeita e que eu era um grande babaca, metido e etc... Alguns alunos ouviam os comentários e me contavam. Em um debate no salão paroquial alguns estudantes me perguntaram porque eu era contra uma faculdade em Bonito, respondi: "Não sou contra uma faculdade. Fui e sou contra a doação do terreno em questão, e também, nossa comunidade não está preparada para uma faculdade e ainda particular." Expliquei: "Para o bonitense passar no vestibular não é e não era fácil, passar de semestre seria bastante difícil e ainda é. Pagar as mensalidades é praticamente impossível." TUDO O QUE FALEI ACONTECEU! A faculdade fechou. Eu, velho, e você, jovem, perdemos a área mais importante da cidade. Hoje no local funciona uma escola particular que apenas mudou de endereço, nada veio a somar para nossa evolução educacional. Todos perdemos, e muito. Perdemos a área e o tempo também foi perdido. Só quem saiu ganhando foi a maçonaria.



Quando candidato, fui às duas maiores escolas públicas da cidade conversar com os alunos. Cada candidato tinha um dia marcado. No dia marcado para mim não tinha alunos e nem professores para me ouvir. O candidato eleito foi aquele que disse nas duas escolas e cidade afora que todos tinham condição de passar no vestibular, passar de ano e também pagar o curso, pois ele garantia.



Onze anos se passou, as coisas continuam do mesmo jeito. "Pré-primário, ginásio e cientifico" de péssima qualidade (No meu tempo era assim que se falava) formando alunos abaixo da média, despreparados para enfrentar o futuro. Anos perdidos que não se recupera. Estamos fechando a segunda faculdade. Continuo errado, só falo e escrevo besteiras. Em 2.000 os professores e os secundaristas me detestavam. Hoje, vocês universitários. Não vou desistir, tenho esperança que seus filhos entenderão o que falo e escrevo. Quando perguntarem de mim, não mintam, falem a verdade. Não façam o que a cidade faz hoje com a história do Voucher Único.



O motivo que me levou a começar a escrever a primeira matéria deste blog, foi vocês jovens de hoje e os secundaristas de 2.000. o tema da matéria é: "como ter competentes se não sou". Se não sabem e não souberam ensinar, como chamá-los de incompetentes e despreparados? Vocês não gostam de mim. Como já disse, tenho tristeza, pois o que falei há quinze anos é realidade até hoje. Se vocês não acordarem, a realidade de hoje é do amanhã.



Rezem pela minha saúde, pois se eu partir passará mais setenta anos dizendo: - agora temos duas pragas, a do Sinhozinho e a do babaca daquele "TÓ".



Quando a Funlec começou tinha ótimos professores. Um em especial me marcou muito. Além de se transformar em um grande amigo. Este professor fez um comentário muito interessante sobre os alunos de administração: "Eles não sabem nada, mas nunca vi pessoas com tanta vontade de aprender. Eles me emocionam e me motivam a vir toda semana para dar aulas." O motivo desse esforço dos alunos é que o professor era interessante e interessado. Estes são os professores que precisamos, tanto no ensino fundamental, médio e superior, para que nossas escolas não precisem fechar e vocês realmente estejam, preparados para as batalhas do futuro.





domingo, 11 de setembro de 2011

Olho

Olho para cima, vejo luzes

Acende a imaginação

Estrelas guiando meu olhar

Procurando respostas que já tenho

O futuro esta lá

Aqui não nos pertence


Abaixo a cabeça, estou sentado num banco da praça

Olho para a direita, vejo abandono

Jovens vagando pra lugar nenhum

Sempre os mesmos, procurando o que nunca encontrarão

Sem escola, trabalho tampouco alegria


Olho para a esquerda, casais de namorados

Programando um futuro incerto

Serão felizes num mundo que não pertencem

Encontrarão alegria numa terra hostil


Olho para traz, vejo um passado

Todos eram iguais

As castas não existiam

Guetos, só os de Varsóvia

O peão era filho do patrão


Olho para baixo e vejo o que viramos

Transformados em nada

Nos arrastamos, respeito perdemos

Irmãos não somos

Identidade, o que é isto?

Valores, o que são?


Olho para frente, piraputangas

Criadas em curvas perfeitas

Brincando em águas transparentes

Comemorando a conquista do nada

Derrapando para o abismo do tempo perdido.