quinta-feira, 27 de maio de 2010

"Como ter competentes se não sou!"



Muito tenho ouvido nestes últimos anos, referências a preguiça, má vontade, vagabundagem, dificuldade de aprender, enfim, a incapacidade do bonitense de aprender ou trabalhar nesta grande maravilha que é o turismo.
Unanimidade entre os nossos grandes e capacitados empresários de turismo. Pessoas estas, com grande qualificação em gerenciamento. Dotadas de grande visão da grandeza e da importância do turismo na concepção "deles", e não da vida real "onde eles vivem".
Se procurar um nativo em um cargo de certa importância na administração do turismo, sendo público ou privado é difícil encontrar, praticamente todos estão ocupados por pessoas vindas de fora.
Por que será que está acontecendo isto?
Você já parou pra se perguntar?
Mais, tem importância?
Qual a importância do turismo para os nativos?
Qual a participação deles no traide?
Praticamente todos os empresários envolvidos no turismo, vieram para o novo eldorado sem saber o que estavam fazendo. Abriram hotéis sem conhecer hotelaria, agência sem saber como funcinam, restaurantes sem saber fritar um ovo, lojas sem saberem o que é um suvenir.
Quando você abriu sua empresa, sabia ensinar seu funcionário?
Como pegar um nativo e qualificá-lo, se o dono não sabia o que estava fazendo, não tinha conhecimento do que se propos à fazer, tinha que achar uma mão de obra pronta, usando um termo da construção civil, começou a importar o peão"meia colher".
Começaram a discriminar a mão de obra local, pois a mesma não tinha qualificação, começou a sobrar pra ela, somente o serviço básico e rudimentar.
O tempo foi passando e hoje acredito que nos cargos que requerem uma qualificação básica, a maior parte está ocupada por pessoas vindas de outras cidades.
Ham! Qualificação básica? - Tá louco! - Não sabe o que está falando!
Qualificação quer dizer ética, respeito, amor, compromisso total com seu cliente, trabalhar por ele e pra ele; e não é o que normalmente acontece. Trabalhar pensando em si e no lucro imediato, passando por cima de todos os princípios existentes.
O que mais se escuta dentre os empresários de turismo é que o povo daqui não quer nada com nada, mas voces já se perguntaram como eles foram tratados e são até hoje? O que sobrou ? Apenas o onus de dividir sua cidade, seu balneário, as verbas da saúde e da educação que são insuficientes.
Perdendo o respeito ao seu passado, a sua identidade, sua história e sua cultura, nada é respeitado.
Alguém sabe qual a diferença entre a agricultura, a pecuária e o turismo pra o bonitense?
"Nenhuma!" já viveram e vivem os três ciclos e nada mudou. Emprego básico, salário base da categoria, emppresas ganhando muito e funcionários ganhando pouco.
Agora, vocês já pararam para pensar que nós temos um povo ordeiro, honesto e compreensivo?
Para vocês isso tem valor?
Temos pousadas, hotéis em todos os locais da cidade, o nosso turismo passeia durante a noite, vindo de todos estes empreendimentos sem serem molestados. Nunca houve um assalto, um assédio sequer.
Nossa tranquilidade, a segurança e paz advém de termos uma comunidade decente e inocente, nos grande centros valeriam ouro. E aqui?
Já notaram que nosso povo é descente e inocente e que nos grandes centros valeriam uma fortuna e aqui não vale nada?
Está na hora de acordar e rever valores e conceitos, menos valores financeiros e preconceitos. Vamos valorizar este celeiro de pessoas com grande potencial.
Sempre se discute a qualificação a profissionalização da cidade, como se o funcionário fosse o culpado.
Enquanto não qualificar e profissionalizar "o dono", não se consegue mudanças. A cidade começou errada, precisamos voltar ao útero e repensar tudo novamente.
A.C. Silveira Soares





4 comentários:

  1. Muito bem Tó!

    Seja bem vindo a chamada "Blogosfera"...
    Aqui, não sei se todos podem nos ouvir mas, sei que aqui podemos nos expressar com certa liberdade, quese que, falar (escrever) o que quisermos...
    As pessoas que se interessarem leiam, as que gostarem comentem e, as que não gostarem...comentem também!

    Gostei de seu primeiro post tratando da questão da comunidade local e o turismo. É uma visão importante já que você é um dos poucos empresários que compõem o grupo dos "nativos" de Bonito.

    É lamentável que nosso municipios tenha se "desenvolvido" turisticamente e questões sociais que eu até considero graves como capacitação da mão de obra, melhoria da qualidade de vida da população, e valorização da comunidade autóctone não tenham acompanhado este dito desenvolvimento.
    Entendo que o Turismo tenha sido responsável por muitas melhorias em nossa cidade. Sendo eu, um bonitense "crioulo", pra usar um termo pantaneiro, ou nativo, ou autóctone, como queiram...via boa parte da transformação que nossa cidade passou com a chegada do turismo...venho de uma família de pessoas do meio rural, da pecuária e hoje sou integrante do chamado "trade turístico" sendo inclusive formado em um curso superior de Turismo por uma IES que se instalou aqui. Isso retrata um pouco as transformações ocorridas. Infelizmente essas transformações naõ atingiram a todos.
    A pergunta é...por quê!?
    Será que a explicação seria o que você abordou no seu texto sobre a "preguiça" dos bonitenses?! Ela existiria realmente?!

    Será que as pessoas não estão conseguindo vislumbrar as vantagens advindas da capacitação já que, de que adiantaria se capacitar se os empresários não valorizarem tal capacitação?

    Como será que o bonitense pensa!?


    Parabéns mais uma vez...já sou um seguidor e vou divulgar seu blog pois, tenho certeza que será um grande fórum de discussão de assuntos pertinentes e inerentes ao turismo de Bonito e do Brasil!

    Abraços de um fã seu!

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  2. Olá, bem vindo à blogosfera!!

    Em poucas palavras... qualificação é fundamental em todos os níveis, mas acima de tudo, a capacidade de compreender a realidade local, a cultura e tudo que diferencia o "desbravador" do morador local é que faz a diferença. Quem não entende isso nunca vai estar satisfeito, e nunca vai poder aprender ou ensinar o que se tem de melhor nessa relação de troca.

    Abraços,

    Tietta Pivatto

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  3. Já to achando que o melhor seria que em Bonito o turismo não tivesse desenvolvido, nossa tenho que estaudar tanto, me aprimorar, fazer cursos e sempre ganhando os mesmos quinhentão sem contar a correria, parece até que moro em são paulo

    Adriano

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  4. Fala Tó, muito legal sua colocação, o problema é que, com a evolução, atualização, profissionalização e etceteras, normalmente, a parte pessoal vai ficando para segundo plano, se perde o "charme", a naturalidade, o pessoal...entre outras. O ideal, na minha maneira de pensar seria uma integração de conhecimentos: nativos terem um curso com os forasteiros e o contrário também, os forasteiros cursando com os nativos, para ambos entenderem as realidades de cada um.
    Só não podemos esquecer que tem um detalhe importante chamado "berço". Não no sentido financeiro da coisa e sim no de certo e errado, direitos e deveres, respeito, valores, enfim, coisa que podemos aprender até com os animais.
    Um abraço a todos
    Saudades dessa terra!
    Trinity
    blog cidadão São Paulo

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