quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nascer Feio


Agora, 22 de novembro faço 54 anos. Após meio século de vida descobri a importância de ter nascido feio. Todos os dias me vejo no espelho, sempre a mesma feição, pouca coisa mudou, continuo feio. Nós, que temos a sorte de nascer assim, passamos a vida sem sofrer mudanças, transformações continuamos como nascemos. Esta semana esteve em minha casa uma pessoa que conheci no inicio dos anos oitenta, era bonita, charmosa, disputadíssima, havia fila querendo ficar com ela. Hoje está totalmente diferente, nada existe daquela beleza e charme do passado. Fiquei estarrecido com a transformação. Está pior que eu! Tentei ligá-la aquela beleza do passado, não consegui. Assustadora a mudança. Lembrei de pessoas que me encontram após vários anos sem nos encontrarmos e elas sempre dizem: "tó não te vejo há mais de quinze anos e você não mudou nada." Descobri a vantagem de nascer feio, você não muda com o passar dos anos, apenas continua feio, se tivesse nascido bonito, seria como todo bem nascido (bonito), um cinqüentão brigando com o espelho, feio e frustrado, desesperado correndo atrás da beleza perdida, usando cremes milagrosos e caríssimos, esticando as peles caídas ou tirando os excessos inconvenientes, fazendo terapia. "Estou muito feio." Olhar no espelho é degradante. Obrigado pai, por ter pensado no meu futuro, obrigado pelos cabelos vermelhos, que hoje estão branqueando. As pessoas perguntam se fiz luzes, o preto branqueando na concepção geral e decadente. O ruivo é charmoso, diferente, isto eu sempre fui.

Fico observando pessoas antes belas, hoje normais, mas, para o espelho decadente, assustadas, desesperadas com a cobrança do tempo, a beleza perdida.

Alegria de feio é eterna. Tinha eu meus dezoito ou um pouco mais velho, bonitinho ou feio enfeitado, como diz o popular, estava em uma festa na casa do Jairo Fontoura, pai da Andrea, grandes festas, quando recebi um elogio que levantaria minha auto estima até o ultimo de meus dias. A charmosa e bonita Nizete Trelha, olhando para mim fala: "Em Bonito só tem dois rapazes bonitos, você e o Afrânio." Isto se leva para o túmulo.

Nizete eu sempre vou te amar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Não quero o Novo, quero de volta o velho e ultrapassado Bonito ético.

Bonito quer ser esperto, aqui a velha lei de Gerson ainda é altamente reverenciada. Sempre se procura um atalho para o nada. Toda vês que chega na cidade um esperto ensinando o errado a cidade se apaixona , o novo é o do momento. Eu, como sempre, sou do contra, não quero o novo e sim a ética e o respeito que o novo colocou para correr. Quero, a partir de 2013, um Bonito decente, sério e ético. Neste ano meus filhos começarão a voltar para casa, e eu quero que eles encontrem a mesma cidade que encontrei quando voltei em 1983, após oito anos ausente. Trinta anos depois a minha terra perdeu seu rumo. Vamos lutar para recuperar os valores perdidos com os Novos, vamos pôr o novo para correr.

O Bonito do Novo é mau caráter, desonesto, sanguessuga, opressor, ameaçador, chantagista e sem futuro. O erro não é eterno, sempre discuti nossa ambição, egoísmo e individualismo. Este trio sempre foi uma macula no caráter da cidade. É o que o Novo fomenta.

Fico imaginando o Novo no poder, se no dia a dia a extorsão já esta passando dos 30%. Atualmente o Novo é sócio majoritário em praticamente todos os empreendimentos da cidade, suga 30% ou mais do faturamento de todos seus parceiros, e eles estão felizes, é cômodo ficar sentado, não trabalhar com vendas, passar o custo para o consumidor e pagar o novo. O povo paga a conta. Como crer que o Novo é saudável se ele conseguiu inflacionar uma economia estabilizada e respeitada no mundo inteiro? Ou nós não estamos no país chamado Brasil? Hoje o mundo está com as pernas fracas, os preços estão caindo como manga madura, o turismo mundial está acessível. Somente em Bonito os preços sobem toda temporada, somente aqui existe uma tremenda inflação. Para justificar este abuso contra o consumidor, a Fundação Getúlio Vargas está vindo fazer um estudo “a influência do Novo na morte de nossa economia”.

Não sou lido e tampouco ouvido. Como sempre escrevo, muito me preocupa o futuro do jovem de minha cidade, que sempre elege o Novo como o pensamento do futuro, e sempre dão com os burros n’agua. Estão aprendendo a importância do imediatismo, eles nunca ensinam a importância do ser humano, uma parceria saudável, respeito ao cliente, a sua importância para sobrevivência deste maravilhoso e prostituído destino, respeitar o dinheiro suado e sofrido dos outros, acima de tudo respeitando o futuro de sua cidade, trabalho sério e honesto e que pavimenta a estrada da vida.

Eu não quero este Novo pensamento.

Eu não quero este Novo trabalho

Eu não quero este Novo abuso contra o futuro

Eu não quero este Novo prostibulo

Eu não quero o jovem pensando como o Novo

O Novo é uma vertente do pensamento do trade, que nunca sabem o que estão fazendo, no inicio não queriam sul-mato-grossenses e pobres em Bonito, depois sonharam com o asfalto, com aeroporto, centro de convenções e hoje estrada para Miranda. O Novo sempre nos atrapalhou e sempre será ouvido. Nunca criaram nada para termos turistas o ano todo em Bonito, sempre o Novo os está pondo para correr, pois, se Bonito não der certo eles correrão. Muitos Novos já foram embora, alguém lembra deles?

Eu quero o velho respeito de volta, ele resolverá todas as dificuldades de nossa cidade.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A nova ordem mundial

Acompanhando pela televisão a visita do presidente Obama ao Brasil, e sabendo da importância de seu país, hoje e nos últimos cem anos, no cenário mundial, sendo a palavra de ordem neste pequeno planeta que ainda é verde, mantendo esta hegemonia pelos próximos setenta anos, vendo isto, e tendo acompanhado um pouquinho da historia mundial, vejo que o império ainda neste século deverá passar o cetro.

Qual será a nova palavra de Ordem, Amarelo ou Verde Amarelo? Quem será o escolhido, o povo da Arca ou da Muralha? Por dois séculos os norte americanos ditaram as normas. Por quantos séculos o sul americano será o líder da integração mundial? A nova palavra não será somente o econômico. A economia continuará importante, mas não será a base primordial da sociedade. Terá de caminhar de mãos dadas com a solidariedade, fraternidade, tolerância, compreensão e preservação. Esta última dá o significado amplo da nova maneira de viver que o homem precisa, neste nosso pequeno gigante planeta.

Somente duas nações tiveram o privilégio de receber todos os povos e abrigar sob um mesmo sonho dando a todos as mesmas oportunidades. A duas a do Norte e a do Sul foram implantadas em terras tomadas à força de seus senhores. A história é a mesma: nativos massacrados para dar lugar a uma nova sociedade, negros africanos escravizados. As duas, com o passar dos anos, estão criando mecanismos para se redimirem destes crimes contra o homem.

Nestes últimos duzentos anos, dois nomes foram fortemente falados em todos os cantos do mundo. Como os locais de se realizarem todos os sonhos: Estados Unidos da America e Brasil. Milhões de pessoas abandonaram seus países para criarem estas novas sociedades, as duas grandes Arcas. O gigantismo dos dois não impediu que se criasse uma nova sociedade com apenas um idioma falado, originária de todos os povos da terra, mistura de todas as raças e harmonia das religiões. Fora as duas, qual outra nação recebeu tanta gente e deu tantas oportunidades a todos?

Como disse Obama em seu discurso, futuro chegou, nós não somos mais o país do futuro, somos o futuro. Temos pouco mais de meio século para ocuparmos a liderança das discussões do destino do homem, não esquecendo que a palavra de ordem não será dinheiro ou força bélica, mas sim PRESERVAÇAO. A palavra mais importante deste novo milênio. Temos que preservar nossa liberdade, nossa historia, individualidade, religião, sexualidade, livre pensar e a natureza para a continuidade da espécie.

Não temos o direito.

No século passado, quando ainda advogava, fui procurado por uma senhora para providenciar o suprimento de idade de sua filha, então com quatorze anos de idade, para que a mesma pudesse se casar. Perguntei qual era o motivo que a levava a casar a filha tão criança. Disse-me que a filha tinha tido relação com o namorado e tinha que casar. Perguntei se a filha estava grávida, respondeu que não. Tentei todos os argumentos possíveis para que ela desistisse da idéia, pois para mim ela estava completamente errada, a filha era uma criança e o casamento dificilmente daria certo. Eu estava certo em relação ao casamento, não deu certo, mas estava errado em relação a vida.

Desta união nasceu uma linda menina. Estava errado em interferir na vida daquela menina. Se tivesse me ouvido, passados quase trinta anos eu não veria passar em frente a minha casa uma moça linda, fruto daquele casamento passeando com uma bela criança fruto do seu casamento. Vendo esta cena uma pergunta fica martelando minha cabeça.

Que direito temos de interferir na vida de outras pessoas?

Se dependesse de mim elas não estariam aqui.