quarta-feira, 13 de abril de 2011

Caça aos terroristas


Final dos anos sessenta, país inteiro caçando terrorista, eis que em Bonito, terra de homens valentes como todo povo do interior, também comungando o pensamento anticomunismo, emanados de Brasília, um jipe com quatro homens mal encarados, com o clássico perfil de foragido, barba por fazer e sujos. Passearam pela cidade fazendo perguntas assustadoras.

Onde é o banco?

Quantas agências têm?

Tem correio?

Se o comércio é forte.

Qual a maior loja?

Tem policiais?

Etc...

Neste dia crucial para a sobrevivência da cidade, os inimigos esqueceram suas desavenças e para um bem maior se juntaram para combater os terroristas, pois era obrigação destes bravos munícipes prenderem os bandidos e ajudar a salvar além da cidade a pátria mãe ameaçada. Juntam-se os heróis e partem a caça dos marginais.

Noite inesquecível pra mim, passamos acordados no escuro, com a casa toda fechada, juntamente com os filhos e esposas dos bravos justiceiros. O tempo todo se rezava e chorava preocupadas com a segurança de seus esposos; nós, crianças quase apanhavam, levamos muitos beliscões, pois queríamos sair na rua. Não foi fácil ficar em casa esperando o pai voltar do combate. Passei por essa experiência que durou uma noite, mas, existiu.

Como todos eles eram exímios caçadores não foi difícil seguir os rastros da caça. Encontrá-la, fazer o cerco e dar o bote. O campo de batalha foi à porteira de entrada da casa do saudoso Jairo Fontoura, “pai da Andréia do Taboa”, onde hoje é o hotel do Afonsinho. A batalha mais rápida e limpa da história de Bonito, nenhum tiro precisou ser disparado, nenhuma baixa, imaginem, nenhuma gota de sangue, os inimigos estavam... Dormindo!

Pegaram os meliantes, amarram usando o jipe dos prisioneiros e mais o do Adão Lima, fizeram o que todo bom patriota teria a obrigação de fazer. Foram entregá-los ao exército na cidade de Jardim, na época a CER3, administrada por militares. Eis que os bravos brasileiros chegam ao QG da CER e entregam os prisioneiros e recebem a informação bombástica, os prisioneiros eram militares disfarçados também caçando terroristas.

“Não posso dar nomes aos heróis, pois não consigo lembrar todos, seria antiético com os bravos lutadores da legalidade da época”.

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