sexta-feira, 24 de junho de 2011

Carta para Iara - 1ª parte

Compromisso com a vida

Está presente em minha memória o primeiro dia de aula do primeiro ano do ensino fundamental, no meu tempo: primário, de minha filha mais velha. Lembro do cabelo vermelho no sol, a tradicional blusinha amarela da Sagrada Família e ela feliz da vida com o novo começo.

Mal sabia que este é o pior dia da vida do homem “dito civilizado”, pois é o dia em que se assina um compromisso eterno com a vida. Neste instante uma tristeza tomou conta de mim, pois a minha filha estaria perdendo a liberdade a partir do momento que entrasse na sala de aula.

Deste momento em diante, o homem perde sua individualidade e passa a fazer obrigatoriamente parte do coletivo, o eu quero passa a ser, nós queremos. Na sociedade moderna, as crianças estão perdendo esta liberdade bem antes. Os pais precisam de filhos vencedores e, então, fazem os filhos assinarem este contrato às vezes com menos de quatro anos de idade.

Você assinou com seis, e eu tive mais sorte, assinei com sete pra oito anos. Foi-se o tempo em que até aos sete anos você era o dono da própria vida e tinha o direito de escolher: “Hoje não vou à aula!” "tô com dodói!”, "eu não quero levantar!", "não vou fazer tarefa!" e etc.

A partir desta data, do primeiro dia do primeiro ano, tudo muda:

· Tem que acordar cedo

· Fazer tarefa.

E ainda:

· Dor de barriga é mentira;

· Preguiça é coisa de vagabundo;

Perde-se a inocência da criança e começa a caminhada para o mundo adulto.

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